A Prefeitura e o governo estadual negociam com investidores privados um acordo financeiro para viabilizar o projeto do estádio de Pirituba para sediar a abertura da Copa de 2014 em São Paulo. Assessores próximos ao prefeito Gilberto Kassab confirmaram ao Estado que "negociações firmes" estão sendo mantidas com grupos de investidores que construirão a nova arena. A ideia é a ter um acordo fechado em dez dias, sem dinheiro da Prefeitura no projeto.
Ontem, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, confirmou que esteve com o prefeito Kassab na quarta-feira em encontro informal em Johannesburgo. Ontem, voltou a se encontrar com o prefeito. "São Paulo está sem estádio no momento", disse oficialmente Teixeira. Sobre sua reunião com Kassab, o cartola afirmou que "nada ficou determinado". O presidente da CBF garantiu que "foi uma conversa genérica". "Kassab está de férias e vamos nos reunir nos dias 19 e 20 para tratar do assunto", disse.
O prefeito, publicamente, mantém seu discurso de que a primeira opção da cidade é mesmo o Morumbi e que vai fazer um apelo para que o estádio do São Paulo volte a ser considerado pela Fifa como o estádio paulista para a Copa. Mas, nos bastidores, a realidade é bem diferente. Kassab já designou um de seus assessores para acompanhar o setor privado e garantir que o projeto saia do papel.
O secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, confirmou o contato de investidores para o novo estádio. "Essa é a verdade", disse. "O Morumbi está fora", afirmou ao Estado.
O estádio fará parte do maior centro de convenções do mundo, com meta para estar totalmente concluÃdo em 2020 e em um terreno de 5 milhões de metros quadrados. Além da Copa, a meta seria sediar a Expo 2020, o maior evento internacional de negócios.
Da Ãfrica do Sul, Kassab ligou para o governador de São Paulo, Alberto Goldman, para confirmar o encontro em dez dias. A meta é ter o plano com investidores pelo menos delineado até lá. "Vamos definir o papel de São Paulo na Copa. Se São Paulo vai querer a abertura ou apenas outros jogos", disse o cartola.
Teixeira evita falar em datas para uma definição, mas deixa claro: "O prazo está se afunilando. Estamos perigosamente perto da data-limite", avisa. "A questão de São Paulo tem de ser logo definida."
A indefinição sobre o Estado mais rico do PaÃs vem gerando declarações de polÃticos pelo Brasil afora, vislumbrando uma eventual abertura da Copa em suas cidades. Fortaleza já manifestou vontade de se candidatar. "São Paulo, com o então governador José Serra, havia se colocado como local da abertura, que só será decidido à medida que os estádios forem se consolidando", explicou Teixeira.
O estádio em São Paulo não é a única preocupação. Teixeira admite que ainda precisa avaliar se as garantias financeiras para a construção do estádio em Curitiba são suficientes e admite que existem "dúvidas".
Na próxima semana, Teixeira promete fazer avaliação completa de todas as garantias financeiras. Mas, apesar dos problemas, ele insiste que a Fifa não tem mais do que se queixar. Em maio, Valcke afirmou que o atraso do Brasil era "impressionante". "Naquele momento, ele tinha razão. Mas, hoje, algumas obras já começaram", afirmou Teixeira, lembrando que BrasÃlia definiu a concorrência para o estádio, com a definição dos valores da obra. Já na Bahia, o antigo estádio começou a ser demolido para a construção de um novo. "Estamos relativamente em dia", disse.
Centro de mÃdia. Mas Kassab abriu mais uma polêmica e quer agora que o centro de transmissão dos jogos da Copa de 2014 seja instalado no Anhembi, e não no Rio, como já havia sido combinado entre Fifa e CBF. "Estamos oferecendo a cidade à Fifa", disse.
O então prefeito José Serra fez um acordo em 2007 com a CBF e Eduardo Paes (então secretário de Esporte do Rio e atual prefeito) pelo qual São Paulo ficaria com o congresso da Fifa e com a abertura, enquanto o Rio ficaria com o centro de imprensa e com a final.
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