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Iarley: 'Quem vai ganhar o título é problema deles'

Entre outros temas, atacante do Goiás conta sobre sua passagem pelo Real Madrid

Ele foi de Quixeramobim, no interior do Ceará, a Madri, capital espanhola. Abandonou o glamour europeu, em cujo pacote constava até dupla de ataque com Eto’o, para treinar no Ceará. De ônibus. Anos depois, o calor de Belém foi trocado pelo frio de Buenos Aires (ARG). Mudou-se também do México para Porto Alegre. Aos 35 anos, Iarley tem histórias para contar. Desde a infância humilde ao lado dos pais, Expedito e Alice, até as glórias no futebol, ao lado de Cambiasso, Tevez, Fernandão...

A lista de parceiros ilustres não vai parar de crescer. Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, Iarley admitiu que há boas chances de vestir a camisa do Corinthians em 2010 e realizar um sonho: atuar ao lado de Ronaldo.

– Ele é um ídolo nacional, torço muito para que vá a mais uma Copa, e tenho certeza de que vai.

Antes disso, há mais dois jogos a disputar com a camisa do Goiás. Fora da disputa pelo título, o atacante garante que apesar da torcida pelo título do Inter, o jogo deste domingo, contra o São Paulo, é só mais um em sua carreira. Confira a entrevista em que Iarley explica a queda do Goiás, revela como foram os anos no Real Madrid e projeta a aposentadoria.

No fim do primeiro turno, o Goiás dava impressão de que brigaria pelo título. A que se deve essa queda tão grande?
Não soubemos lidar com a pressão quando o campeonato afunilou e os jogos se tornaram decisivos. Nosso comportamento psicológico foi muito inferior ao que é preciso quando saímos do G4. Faltou personalidade em alguns jogos.

O Goiás, pelo time que tem, deveria estar mais bem colocado?
São jogadores jovens, que ainda buscam espaço. A posição do Goiás é merecida devido a essa inexperiência de decisão. Daqui a um ou dois anos, esses jogadores estarão em times grandes, mas precisam amadurecer e isso servirá de lição. O normal seria chegar às últimas rodadas brigando por vaga na Libertadores.

A chegada do Fernandão foi um problema para a equipe?
O rendimento do grupo todo caiu. O Fernandão teve azar de chegar num momento em que o time perdeu e não conseguiu reagir. As condições física e técnica dele não eram ideais para render o que esperavam porque ele vinha de um campeonato inferior, mas não foi ele o problema.

Por que você nunca teve chance na Seleção Brasileira?
Apareci tarde. Saí com 21 anos, quando um grupo de empresários me levou para a Espanha. Fiquei dois anos no Real Madrid B, formava dupla de ataque com o Eto'o. Mas os empresários atrapalharam minha carreira, passei quatro ou cinco anos sumido e voltei para o Ceará. Tive de recomeçar aos 25 anos, era tarde para a Seleção, até porque não estava em um time de ponta.

E quando realmente apareceu?
Quando joguei a Libertadores pelo Paysandu. Aí despontou o Iarley, com um gol em cima do Boca na Bombonera, uma atuação muito boa nos 5 a 2 em cima do São Paulo... Vencendo o Santos de Diego e Robinho, sendo destaque contra o Flamengo. Todos se perguntaram de onde eu vinha, até surgir o convite do Carlos Bianchi para jogar no Boca. Não pensei duas vezes.

Como foi essa passagem?
Foi meu auge. Joguei com Schellotto e Tevez, que estava começando. Acho que se o Dunga fosse técnico da Seleção naquela época, eu teria sido convocado. Ele dá oportunidades a jogadores de clubes menos conhecidos, que não são do grande centro europeu. Fui um dos melhores jogadores do ano no Boca, campeão mundial contra o Milan, sozinho no ataque contra Maldini, Costacurta... Mas era desconhecido.

Como você foi parar no Real Madrid?
Comecei no Ferroviário e empresários espanhóis me compraram. Disputei amistosos por Villareal e Levante, para que olheiros me observassem. Um do Real Madrid se interessou e mandou me levar. No primeiro coletivo, fiz cinco gols. Era uma loucura! Chegou o Eto'o, a dupla era uma grande promessa, mas tive problemas com o passaporte. Inventaram um documento português para que eu não ocupasse vaga de estrangeiro, falsificaram minha assinatura sem eu saber. Disseram que eu jogaria em uma equipe menor para regularizar isso, depois iria para um grande. Quando o problema estourou, suspenderam centenas de comunitários e eu estava no meio. Novo, sem dinheiro, com pouco conhecimento, só queria jogar bola. Tive de voltar ao Brasil e fui para o Ceará.

Passou necessidade na Espanha?
Que nada, eles eram milionários, tive tudo do bom e do melhor, como uma estrela. Eu jogava muito, era uma máquina! Enchia os olhos dos caras. Meu drible era fácil, bastou um amistoso para o Real me contratar.

Como lidou como esse choque de realidades?
Não atrapalhou, tive uma formação muito boa. O problema foi depois, psicológico. Saí daquele mundo maravilhoso, em que treinava com Seedorf, Suker, Mijatovic e Roberto Carlos e, de repente, estava no Ceará, indo treinar de ônibus. Voltei sem nada. Só quando assinei contrato, comprei meu primeiro carro, um Gol. Comecei tarde porque minha mãe disse que eu só poderia sair de casa para jogar futebol depois de terminar o segundo grau. Estudei para valer, levei o boletim para ela já com a mochila nas costas e fiz uma promessa: "Estou indo e só volto para Quixeramobim de férias". Porque muitos garotos da minha época saíram para jogar na capital, mas não deram certo e voltaram. Isso me manteve vivo quando algo dava errado. E também não gostava de me lembrar do passado. Quando alguém vinha me mostrar fotos, eu nem queria ver. Queria ver a foto de hoje, não as do passado. Meu negócio é o futuro. Isso empurrou um garoto pobre.

Fale mais do ataque Iarley e Eto'o.
Era o ataque do nosso time! O Cambiasso era o volante, o César Prates jogava na lateral direita... Desde os 17 anos, o Eto'o jogava esse mesmo futebol. Eu colocava a bola na frente e ele fazia de tudo, já era diferenciado. E o Cambiasso era chamado de "segundo Redondo" por nós, também jogava muito.

Havia relação fora de campo com o Eto'o?
Não, eu só saía de vez em quando para jantar com o Roberto Carlos. O Eto'o morava longe e era mais reservado, mas a gente se comunicava tranquilamente em espanhol.

Dizem que o Obina é melhor do que o Eto'o. E o Iarley, era?
Não, ele já era um fenômeno. Eu corria, driblava, mas ele decidia. Sempre fez muitos gols, era fatal dentro da área.

Você disse que jogava muito. Não joga mais?
Vocês não viram o Iarley com 23 anos. Sem querer me gabar, mas no Campeonato Brasileiro, eu iria dar o que falar. Não me cansava nunca, por isso jogo até hoje. Minha parte física e muscular é um presente, não me machuco.

O que mudou em seu futebol daquela época para hoje?
Eu corria muito e não pensava tanto. Hoje, sou homem de criação, que constrói jogadas, deixa os companheiros na cara do gol, se coloca bem para finalizar. Não sou um goleador, mas também não sou um cara qualquer. Minha função é importante para cadenciar o jogo.

O jogo de deste domingo é especial para você?
Não, é um jogo qualquer! O Internacional é passado, isso de que sou colocado é folclore da imprensa. Jogo pelo Goiás, que paga meu salário, e ganho muito bem. Se o Goiás já estivesse rebaixado, ou brigasse pelo título, eu jogaria do mesmo jeito. Quando entro em campo, me esqueço de tudo que está em volta, é a única coisa que sei fazer. Não vou dar a vida, nem é mais especial.

Contra o Flamengo vocês deram a vida?
Ninguém corre mais do que consegue, nem joga mais do que sabe. Isso não existe! Vencemos o Santo André depois de uma sequência péssima e entramos muito mais leves contra o Flamengo. Agora, dar dinheiro para o cara jogar mais? Ele não joga mais, joga aquilo que sabe. E motivação? Sou profissional, tenho 35 anos, só mais dois pela frente na carreira, e não vou estar motivado? Não preciso de dinheiro, já ganho muito bem. Isso é bobagem!

Mas, se pudesse escolher, o Inter seria campeão?
Estou torcendo para o Internacional. Não tenho nada a ver com o São Paulo. O Palmeiras, muito pior. E nem com o Flamengo. No Inter, tenho muitos amigos, gosto muito daquele negócio. Agora, jogaria do mesmo jeito contra todos, quem vai ganhar o título é problema deles.

Por que vai se aposentar em dois anos?
Vai ser muito difícil acompanhar o nível. Hoje, futebol é físico. Acho que aguento o ritmo por mais dois anos, e olhe lá. Tenho de ser consciente, mas pode ser que eu surpreenda até a mim mesmo.

Pelo menos um desses anos será no Corinthians, não é?
Há uma negociação boa, fiquei de decidir após o fim do campeonato. Posso renovar com o Goiás, acertar com o Corinthians. Um clube que briga no G4 também me pediu para esperar, e há uma possibilidade dos Emirados Árabes.

A possibilidade maior é ir para o Corinthians?
É a maior pelo projeto. Não financeiro, mas ser cotado para um projeto do Corinthians de comemorar seu centenário com a Libertadores, montando um grande time, só engrandece meu futebol. Mas, como tenho só mais dois anos de carreira, uma proposta grande do exterior pode mudar meu pensamento.

Por qual motivo você faz parte desse projeto?
Pela minha experiência na Libertadores, o Mano (Menezes, técnico do Corinthians) deve estar pensando nisso. Cheguei a duas finais, Joguei no Boca, disputei muitos torneios sul-americanos. Isso pesa muito.

Já jogou com Tevez, Eto'o... Agora vai jogar com o Ronaldo?
Vai ser uma alegria. Ele é um ídolo nacional. Torço, assim como todos, para que ele vá à Copa do Mundo. E tenho certeza de que vai porque o ano será muito bom. O que torci para ele nas últimas Copas não está no gibi.

Quem é o melhor jogador entre os que atuaram ao seu lado?
O mais inteligente é o Fernandão, com certeza. O mais raçudo é o Tevez. Com o Eto'o joguei muito pouco, não posso analisar tão bem.

O que vai fazer depois que parar de jogar?
Não sei. Faltam dois anos, muita coisa vai rolar. Talvez eu pense nisso daqui a um ano, mas ainda não me preparo, não tenho ideia.

Gosta de cinema? Que filme se identifica com você?
Muito! Qualquer um que fale de superação e garra. Sou vontade e trabalho, nunca faltei a um treino, nem com febre. Chego uma hora antes e sempre faço a hora extra. Falo aos amigos que se não fizerem hora extra, não chegam a lugar algum. Se você precisa melhorar o chute, vá chutar. Se precisa fortalecer a perna, vá fazer. Não tem de esperar alguém mandar.

Mas não tem um filme preferido?
São tantos... "Desafiando Gigantes" é um clássico. "Titanic" marcou muito. E sou do tempo do Rocky Balboa, é da minha adolescência. Gosto muito!

Que outro hobby você tem?
Sou caseiro, gosto de brincar com meus filhos. É meu terceiro tempo quando chego em casa. E com minha esposa, Karizia. Eu a conheci quando voltei ao Ceará, nos casamos em 2002 e, desde então, minha carreira decolou. Ela me deu um alicerce muito importante, faz parte de todas as minhas alegrias: meus filhos e títulos.

Você cumpre a promessa feita à sua mãe? Passa férias em Quixeramobim?
Sempre volto para lá depois dos campeonatos, organizo um jogo beneficente, arrecadamos muitos alimentos. Para lá, não levo ninguém conhecido. São o Iarley e os amigos dele. Depois, descanso em Fortaleza para recomeçar o ano.

Você já morou em várias cidades. De qual mais gostou?
Eu me adapto facilmente a tudo. Gostei muito de Buenos Aires, Madri então, nem se fala. Porto Alegre... Só lugares bons, fui privilegiado. Eu como de tudo, gosto de tudo, sou uma pessoa do mundo.

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