Não é porque não jogou tanto quanto queria com ele no comando que Eder deixaria de elogiar Rogério Ceni. O atacante de 35 anos, campeão catarinense pelo Criciúma, clube onde começou a jogar e retornou neste ano, lembrou sua passagem pelo São Paulo em entrevista ao UOL, rebateu críticas e rasgou elogios ao comandante demitido na última quarta-feira.
Segundo ele, os treinadores brasileiros têm o mesmo nível dos europeus e Ceni precisa evoluir em um aspecto: sua gestão de grupo, principalmente quando comparado a grandes nomes do Velho Continente, como Carlo Ancelotti e Roberto Mancini.
"Eu poderia estar aqui falando mal do Rogério, porque joguei pouco com ele. Mas ele é um cara que as fases do que falamos de treinador... O que falta para ele ser diferenciado é um pouco de diálogo que tem Ancelotti, Mancini, ser um pouco mais psicólogo. Na parte tática, técnica, na preparação de jogo, treinamento, tudo que perguntar de campo, ele é diferenciado. Mas eu acho que na parte de gestão de grupo, de saber lidar... Ele é um cara que quer vencer, sempre cobra 100%, e às vezes tem que dar uma segurada, passar a mão na cabeça dos mais novos. Nisso talvez ele tenha que melhorar. Mas é um treinador que ainda é novo, vai melhorar e vai ter uma grande carreira. Ele sabe disso. Com certeza tem futuro talvez na Europa ou seleção", completou.
Eder rebateu críticas e disse que carrega orgulho de sua passagem pelo São Paulo. Na avaliação dele, o elenco do qual fez parte entregou o que a direção havia pedido: voltar a conquistar um título (Paulista de 2021, após jejum de 15 anos) e colocar o time em finais (Paulistas de 2021 e 2022 e Sul-Americana de 2022).
"Não fui protagonista, queria ser muito mais. Quando cheguei fiz gol no Paulista, na Libertadores, com o Crespo, mas depois tive uma lesão que me atrapalhou. Com o Rogério tive mais oportunidades de entrar nos jogos, mas sempre dei meu máximo. Não fui protagonista, mas o que o clube pediu, de agregar experiência, cumprimos, e levamos o São Paulo para três finais"
Muitas vezes você pega um cara que inventa uma página de Instagram e inventa o que quer. O Eder está gordo. Se o cara liga para nutricionista do São Paulo, vai ver que meu peso sempre foi 74, 75 e ela brincava, 'o velhinho de 35 anos tem percentual menor que os outros'. Ele escreve o 'Eder tá gordo', todo mundo fala. Ele fala, 'o Eder ganha 800, 700 mil', e nunca foi verdade, nunca ganhei isso, muito menos, dos que voltaram para o Brasil fui o que ganhou menos de todos"
Para ele, o problema do São Paulo — e da maioria dos clubes brasileiros — é a quantidade de mudanças a cada temporada. Quando se contrata muitos jogadores, há uma natural demora para entrar no ritmo esperado.
"Na Europa te contratam para cinco anos, às vezes o projeto é esse, não importa se você decide ir embora, foi você que decidiu. Eles te colocam para chegar ao top ao longo dos anos. Aqui no Brasil se contrata um jogador e ele vai mal na primeira parte do Estadual já se coloca o jogador em discussão. Não é só no São Paulo, é no futebol brasileiro".
O Palmeiras hoje é referência porque é um clube que vai em sua linha, não escuta ninguém de fora, podem pedir muita coisa, contratações, mas tem sua linha, um treinador com um estilo de jogo, e faz três ou quatro anos que está ganhando títulos. Mesmo que passe por momentos meio assim, mantém o foco. Hoje se perguntar para qualquer jogador, o profissional sabe o que o Abel iria querer de você, conhece o estilo dele. O Palmeiras é um grande exemplo de sucesso".
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