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Derrocada e esperança: como duas finais de Sul-Americana marcam o destino do São Paulo

Rogério Ceni e Lucas levantam a taça da Copa Sul-Americana de 2012 — Foto: Rubens Chiri / www.saopaulofc.net

No próximo sábado, o São Paulo jogará a final da Copa Sul-Americana contra o Independiente Del Valle, na Argentina, na tentativa de retomar o protagonismo internacional que perdeu nos últimos dez anos. Foi justamente o título do torneio, conquistado em 2012, que encerrou um dos períodos mais gloriosos da história do clube.



Desde então, daquela cena do capitão Rogério Ceni passando a faixa para Lucas Moura – a maior venda do clube – erguer a taça em sua despedida, o São Paulo entrou em uma década de fracassos, crises dentro e fora de campo e um único título, o do Paulista, no ano passado.


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E isso depois de reinar na primeira década dos anos 2000, quando venceu praticamente todos os títulos possíveis: o Paulista, a Libertadores e o Mundial, em 2005, e o tricampeonato brasileiro entre 2006 e 2008, além da Sul-Americana de 2012.

Foi um momento em que houve até o receio de que o São Paulo, organizado financeiramente, pudesse monopolizar o futebol brasileiro – e que fez surgir o apelido “Soberano”.

As conquistas faziam cartolas, como o atual presidente Julio Casares, na época diretor de marketing, preverem que a torcida do São Paulo, em dez anos, se tornaria maior do que a do Corinthians, o que não se concretizou.

A vitória sobre o Tigre, em 2012, naquela final em que só o primeiro tempo foi disputado, encerrou essa era.

Em 2013, já sem Lucas, vendido ao PSG, o São Paulo foi eliminado pelo Corinthians na semifinal do Paulistão e pelo Atlético-MG nas oitavas da Libertadores. O técnico Ney Franco caiu.

No Brasileiro, teve péssima campanha e flertou com o rebaixamento. Foi salvo por Muricy Ramalho, que retornou ao banco tricolor durante a competição.

Crises políticas
No ano seguinte, Juvenal Juvêncio, que comandou o clube na década anterior, deixou o cargo após uma polêmica extensão de seu mandato e com a frustração de não ter conseguido incluir o Morumbi entre os estádios que receberiam jogos da Copa do Mundo no Brasil. Em seu lugar, e com seu apoio, foi eleito Carlos Miguel Aidar.

Em campo, com Kaká de volta, foi vice-campeão brasileiro, mas distante do Cruzeiro, que ficou com a taça.

Em 2015, a política tricolor, antes apontada como um dos motivos do sucesso do clube, passou a gerar crises. Na maior delas, Aidar renunciou em outubro daquele ano após acusações de corrupção.

Então vice, Carlos Augusto de Barros e Silva assumiria e se manteria no poder por mais cinco anos, numa gestão marcada pela falta de títulos e por graves problemas financeiros.

A vida sem Ceni
Aquele também foi o ano em que o símbolo daquela era de glórias tricolores se aposentou: Rogério Ceni deixou os gramados com uma festa para 60 mil pessoas no Morumbi com recordes que dificilmente serão batidos. Desde então, o São Paulo sofre para encontrar um goleiro que ocupe o posto de titular sem restrições de torcedores.

Sem Ceni, o São Paulo sonhou reconquistar a América em 2016 com Edgardo Bauza no banco. Foi semifinalista da Libertadores, eliminado pelo Atlético Nacional, da Colômbia, em jogos em que sobraram reclamações contra a arbitragem.

O ex-goleiro ficou só um ano longe do Morumbi. No começo de 2017, iniciou a carreira de treinador no clube em que foi ídolo como atleta. Mas durou pouco.

Deixou o time eliminado no Paulista, na Copa do Brasil e na Sul-Americana, e com o São Paulo na zona de rebaixamento do Brasileiro.

A briga contra a degola marcou aquela temporada. O herói da vez foi o meia Hernanes, que voltou da China e teve grandes atuações que afastaram o risco na reta final do torneio.

Em 2018, já incomodado com a fila de títulos, o São Paulo passou a gastar muito na contratação de jogadores – como Diego Souza, comprado do Sport Recife por quase R$ 11 milhões, e o meia Éverton, que veio do Flamengo por cerca de R$ 15 milhões.

No campo, houve um momento em que o time se mostrou competitivo, fazendo boa campanha no Brasileiro sob o comando de Diego Aguirre. A queda de desempenho no segundo turno fez com que a diretoria demitisse o uruguaio e promovesse André Jardine, então treinador da base.

A confiança em Jardine durou bem pouco. Ele começou a temporada de 2019 no banco, mas não resistiu à eliminação para o Talleres, nas primeiras fases da Libertadores.

Com Vagner Mancini e Cuca no comando da comissão técnica, o São Paulo chegou à final do Paulistão e perdeu para o Corinthians.

A decepção com Daniel Alves
Em agosto daquele ano, uma jogada ousada: o São Paulo contratou Daniel Alves, que deixava o PSG após o fim de seu contrato, e tinha acabou de ser campeão da Copa América com a Seleção, como capitão.

A promessa era de que jogador, já veterano, mas ainda jogando bem, seria pago com dinheiro de parceiros que poderiam explorar a imagem do atleta. O plano naufragou: Daniel Alves teve alguns poucos brilhos no clube e deixou o Morumbi em 2021 rachado com a torcida e com muito dinheiro a receber do clube – foi feito um acordo de cinco anos com parcelas mensais de mais de R$ 450 mil, que ainda está em vigência.

Alves influenciou a decisão da diretoria quando Fernando Diniz, com seu aval, foi contratado para substituir Cuca.

O ano de 2020 foi tumultuado, com a pandemia de Covid forçando a paralisação de campeonatos e a eleição para o presidente que ocuparia a vaga de Barros e Silva, rejeitado até por quem era de seu grupo político.

No Brasileiro, parecia que a fila terminaria. Com Diniz, o São Paulo chegou a abrir sete pontos na liderança. O ano virou, o campeonato se estendeu por janeiro e fevereiro, por causa da pandemia, e tudo desmoronou.

Casares foi eleito, prometeu manter Diniz, mas não aguentou a pressão pelos maus resultados. Antes de um jogo contra o Coritiba, no Morumbi, o ônibus da delegação tricolor foi atacado por torcedores com paus e pedras. O time terminou o Brasileiro na quarta posição.

A conquista do Paulistão
Em março, quando a temporada 2021 começou, o argentino Hernán Crespo foi contratado.

Todos os esforços foram feitos para que o Paulistão fosse a prioridade, visto que era a melhor oportunidade de conquista de título. Rivais, como Corinthians e Santos, estavam enfraquecidos, e o Palmeiras, depois de uma temporada em que enfileirou títulos, tratou o estadual com desdém – e mesmo assim alcançou a final.

Sem dar férias a seus atletas e jogando partidas com poucos dias de descanso por causa do calendário, ainda afetado pela pandemia, o São Paulo fez a melhor campanha do Paulista e chegou à decisão.

Os esforços deram resultado: um empate sem gols no Allianz Parque e vitória por 2 a 0 no Morumbi deram a taça que o São Paulo tanto buscou, mais de oito anos depois da última conquista.

O título, porém, cobrou um preço alto. A calmaria durou pouco, jogadores se lesionaram aos montes, e o Brasileiro se tornou um tormento. O rebaixamento foi uma ameaça real, Crespo foi demitido, e Rogério Ceni voltou – conseguiu evitar o vexame da degola na penúltima rodada.

Ceni esteve perto de sair no fim da temporada, incomodado com as declarações de dirigentes de que não seriam feitos investimentos em reforços – a dívida, que passou a marca de R$ 600 milhões, era o motivo.

O treinador ficou, as promessas de austeridade de cartolas foram abandonadas, e o São Paulo se reforçou. Doze jogadores foram contratados na atual temporada.

No Paulista, o time chegou mais uma vez à final. No jogo de ida, no Morumbi, bateu o Palmeiras por 3 a 1, uma vantagem importante. Na volta, foi goleado por 4 a 0 e perdeu o título.

A partir de julho, Ceni passou a priorizar a Copa Sul-Americana, já que era o torneio em que o título era mais factível.

Jogou a primeira fase contra rivais fracos: Everton, do Chile, Jorge Wilstermann, da Bolívia, e Ayacucho, do Peru. Mesmo atuando com reservas e garotos da base, avançou sem problemas, com a segunda melhor campanha da competição.



Nos mata-matas, já com força máxima, deixou para trás Universidad Católica, do Chile, Ceará e Atlético-GO, até chegar à decisão deste sábado, em Córdoba, contra o Independiente del Valle.

Será a oportunidade de fechar outro ciclo, um que a torcida prefere esquecer.

Derrocada, esperança, finais, Sul-Americana

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