O esperado protesto da torcida são-paulina aconteceu de maneira discreta nesta quarta-feira. Membros de uma organizada do time, insatisfeitos com os últimos resultados e a demissão de Muricy Ramalho, conversaram com Jorge Wagner, André Dias, Washington e Eduardo Costa no Centro de Treinamento enquanto Ricardo Gomes era apresentado oficialmente nessa quarta-feira. Publicamente, o elenco diz não ter ficado assustado.

Enquanto 22 câmeras de televisão e mais de 80 pessoas estavam de olho nas palavras do novo treinador, observado também por toda a diretoria de futebol e o presidente Juvenal Juvêncio, que estavam presentes, três torcedores estavam em um local reservado cobrando dos líderes do elenco reação no Campeonato Brasileiro, competição em que a equipe está fora da zona de rebaixamento apenas por ter saldo de gols superior.

"Eles disseram que iam nos apoiar para reverter esta situação. Eles sabem que aqui tem grandes jogadores e a conversa foi amigável, basicamente neste sentido. Estou aqui há praticamente três anos e nunca teve este tipo de manifestação, mas foi de apoio. Um número menor de pessoas representando a torcida do São Paulo", contou Jorge Wagner à Rádio Globo.

Richarlyson não participou do encontro, mas ouviu dos colegas que estiveram com os organizados que a insatisfação aumentou depois dos dois últimos jogos: derrota por 2 a 0 para o Cruzeiro, eliminando o Tricolor da Libertadores, e 3 a 1 para o Corinthians, caindo ainda mais no Nacional.

"Os companheiros nos passaram que o teor da conversa foi normal. Eles conversaram, expuseram o pensam e isso é válido quando não há agressão. O diálogo sempre resolve, cada um tem seu livre arbítrio. E eles têm consciência de que esta cobrança é válida", elogiou Richarlyson.

Segundo o volante, ninguém se assustou com a permissão do clube em receber os torcedores. Mas o próprio camisa 20 lembrou que isto é raro - o último protesto mais forte aconteceu em 2003, quando o plantel e principalmente Kaká foram atingidos por sacos de pipoca avermelhada e até ameaçados de agressão.

Na época, a insatisfação era pelo rótulo de "amarelão" que o time tinha recebido: em 2002, perdeu para o Corinthians na semifinal da Copa do Brasil e na final do Torneio Rio-São Paulo, além de cair diante do Santos nas oitavas de final do Brasileiro; em 2003, nova derrota para o Timão, na final do Paulista, e eliminação nas quartas de final da Copa do Brasil contra o Goiás.

Hoje, o elenco atual vê a cobrança de maneira diferente, já que o clube é o atual tricampeão brasileiro foi campeão da Libertadores e do Mundial de 2005. "A torcida, não sei se infelizmente ou felizmente, foi acostumada a vencer, conquistar títulos. Mas o momento é difícil e, quando a fase não está boa, é visível que todos ficam decepcionados com o nosso desempenho. Por isso acho válido o diálogo", avaliou Richarlyson.

Apesar da tentativa de minimizar a pressão, o plantel não quer mais saber de algo parecido em um futuro próximo. Por isso, a ordem é vencer o Náutico às 18h30 (de Brasília) deste sábado no Morumbi para amenizar os ânimos da torcida e dar tranquilidade para Ricardo Gomes, que estreia neste fim de semana.

"A cobrança existe em todo o jogo, a todo o momento. A torcida cobra e está no direito dela. Por isso precisamos começar a trabalhar com vitórias", apontou o também recém-chegado zagueiro Jean Rolt. "A gente sabe o que eles estão reivindicando e com certeza, a partir do jogo contra o Náutico, vamos dar a resposta o mais rápido possível para que ambas as partes possam ficar bem", completou Richarlyson, no São Paulo desde 2005.