Se já não bastasse enfrentar um rival em excelente fase e que já o venceu três vezes na temporada, o Tricolor tem um dilema para resolver nos bastidores: o que é prioridade para o clube em 2022?
Uma parte desse problema foi exposto publicamente por Rogério Ceni, em entrevista coletiva após a derrota para o Palmeiras, na segunda-feira passada (20). O técnico, que sempre defendeu foco no Brasileirão para buscar a vaga na próxima Conmebol Libertadores, disse que a escolha do que fazer nesta quinta não caberia exclusivamente a ele.
"É uma escolha, a direção tem que escolher. Quer arriscar tudo na quinta-feira contra o Palmeiras? Arriscamos tudo, pode perder jogador por lesão. E vai estar cansado contra o Juventude no domingo, não tem muito segredo. Não depende só de mim, pode ter certeza", afirmou Ceni, que ainda tenta solucionar os muitos desfalques no elenco em uma fase crucial da temporada.
Existe o lado esportivo, de projetar em qual competição o São Paulo tem mais chances de sucesso, mas também o aspecto econômico, o que, para um clube em situação financeira delicada, sempre coloca um peso extra na balança. E isso pode influenciar a decisão de escalar força máxima ou time mesclado contra o Palmeiras.
Pela Copa do Brasil, o São Paulo recebeu R$ 7,67 milhões por chegar às oitavas de final. A projeção da diretoria, no balanço financeiro aprovado pelo Conselho Deliberativo, era alcançar as quartas de final, o que daria mais R$ 3,9 milhões em premiação, totalizando R$ 11,57 milhões.
Só que a Copa do Brasil, todos sabem, é o torneio mais rentável do futebol brasileiro e oferece uma premiação gigantesca a quem conquistá-la. No cenário mais otimista, o Tricolor poderia, desde que fosse campeão, faturar R$ 71,9 milhões apenas de proventos pagos pela CBF, fora as bilheterias de jogos com o Morumbi cheio.
É o valor mais alto de premiação, mas isso não significa que as outras competições também não podem ser excluídas. A Copa Sul-Americana, por exemplo, paga em dólar, o que turbina qualquer resultado pela diferença monetária atualmente. Garantido nas oitavas de final, o time de Ceni ganhou US$ 1,4 milhão, o equivalente a R$ 7,21 milhões.
Se avançar até a final, como era a projeção do balanço, o São Paulo vai embolsar pelo menos US$ 4,8 milhões (R$ 24,7 milhões), podendo chegar a US$ 7,8 milhões, ou R$ 33 milhões, se for campeão.
Enquanto isso, o Brasileirão é uma competição mais longa, que vai exigir regularidade para chegar aos primeiros lugares. Em 2021, por exemplo, o Red Bull Bragantino ficou com a 6ª posição e faturou R$ 24,7 milhões. A quantia deve sofrer um leve aumento na atual temporada, mas já seria uma fatia importante para quem precisa de dinheiro - sem contar a vaga na Libertadores do ano seguinte, que oferece novos prêmios e em dólar.
Essas contas claramente passam, ou deveriam passar, pela cabeça de quem administra o São Paulo fora dos campos, mas não mexem na escolha de Rogério Ceni. Pelo tom adotado na entrevista de segunda-feira, o técnico parece mais favorável a mesclar titulares e reservas na Copa do Brasil, que se tornou uma missão mais difícil justamente pelo chaveamento contra o Palmeiras, e seguir apostando mais forte no Brasileiro.
Ceni já disse em diversas oportunidades que sua meta é recolocar o clube na Libertadores em 2023 via Série A, que oferece pelo menos seis vagas certas na competição. Para chegar ao torneio por Copa do Brasil ou Sul-Americana, seria preciso conquistar o título, o que está longe de ser uma garantia, ainda mais para um elenco que sofre com problemas de reposição.
Se a escolha do que fazer é de Ceni ou da diretoria, é certo que uma parte da resposta sobre o que é prioridade para o São Paulo será respondida assim que a escalação inicial for divulgada.
Depois do Palmeiras, o São Paulo enfrenta uma maratona com ao menos dois jogos por semana até o fim de julho: Juventude (26/06), Universidad Católica (30/06), Atlético-GO (03/07), Universidad Católica (07/07), Atlético-MG (10/07), Palmeiras (14/07), Fluminense (17/07), Internacional (20/07) e Goiás (23/07).
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