A quinta rodada do Campeonato Brasileiro marca para este domingo (20) um reencontro daqueles especiais. Na Vila Belmiro, Santos e São Paulo fazem clássico a partir das 18h15 (de Brasília), no primeiro duelo entre Fernando Diniz e seu ex-clube.
Hoje tentando reestruturar o Peixe, Diniz teve uma passagem turbulenta de pouco mais de 16 meses pelo Morumbi, a maior dos últimos anos pelo clube.
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Viveu bons momentos, como quando liderou o Brasileirão com sete pontos de vantagem, mas colecionou eliminações contestáveis (Mirassol e Lanús, principalmente) e uma relação conturbada com a torcida.
Seu substituto, Hernán Crespo, assumiu o São Paulo três semanas após a saída de Diniz. Trouxe muitas melhorias e conseguiu tirar o time da fila, com a conquista do Campeonato Paulista, mas nunca escondeu os elogios ao "trabalho muito bom" que herdou. Mas o que restou hoje do dedo do ex-treinador no Morumbi?
Talvez o maior ponto em comum seja a exigência de trabalho com os pés de todos, sem excluir o goleiro Tiago Volpi. Com Diniz, era grande a ênfase da torcida, bem mais pelo lado pejorativo, da "saidinha", com passes curtos e próximos da área defensiva, que visavam atrair o adversário e abrir espaço no campo de ataque.
O São Paulo de Crespo ainda faz isso, mas certamente corre menos riscos. Hoje em dia, é mais frequente ver Tiago Volpi ou os zagueiros apelando para bolas longas, a fim de evitar a perda da bola em uma zona perigosa. Então, é possível dizer que o argentino aprimorou o que já acontecia com Diniz.
Outra semelhança é a liberdade para Luciano. Único reforço indicado por Fernando Diniz em 16 meses de São Paulo, o atacante ainda é vital para o time. Já foi escalado como centroavante, como segundo atacante e às vezes até como um meia de infiltração, atrás de uma dupla mais avançada.
Com Crespo, Luciano ainda participa de todo o processo de criação de jogadas. Por vezes recua até o campo de defesa para ajudar o São Paulo a sair de uma zona de pressão ou para criar uma superioridade numérica, que facilite a transição ofensiva até perto do gol adversário.
Quem também ajuda no quesito saída de bola é Léo. De "eterno reserva" de Reinaldo na lateral, ele foi transformado em zagueiro por Fernando Diniz e manteve o papel com Crespo, ainda que hoje tenha um esquema com três zagueiros que facilite mais o seu jogo e potencialize o que ele pode oferecer de melhor na defesa, que é um passe mais aprimorado.
O uso da base também foi passado de técnico para técnico. Na "Era Diniz", Gabriel Sara se tornou dono da posição, Luan ganhou espaço na melhor fase do time, Diego Costa chegou a barrar Arboleda na zaga e Igor Gomes viveu bom momento. Sem contar Brenner, que, até ser vendido, formava grande dupla com Luciano.
Sara e Luan seguem absolutos no time ideal, ainda que o volante esteja fora há um tempo por um problema muscular. Crespo ainda aproveitou para usar outros garotos, como o lateral Welington, o zagueiro Rodrigo, o goleiro Lucas Perri, o volante Talles Costa e o atacante Galeano, além de Liziero e Rodrigo Nestor, que se revezam no meio-campo.
Talvez nem tudo esteja presente no San-São desde domingo, mas uma parte certamente sim. Assim como as diferenças, a começar pelo esquema tático.
Apesar de usar uma linha de quatro defensores no empate com a Chapecoense, na quarta-feira passada, Crespo é adepto do 3-5-2, que deu estabilidade ao Tricolor e foi um dos pilares para a conquista do Paulistão. A formação não teve o mesmo desempenho desde a saída de Arboleda para a seleção equatoriana e, depois, a lesão de Miranda.
Se o capitão ainda está vetado, Crespo espera contar com a volta de Martín Benítez, fora desde a primeira partida da final, contra o Palmeiras, e que carrega grande parcela da criatividade do time quando atua. Daniel Alves, maior entusiasta do trabalho de Diniz, segue afastado por uma lesão no joelho e sem prazo para voltar.
Tantas baixas podem fazer o São Paulo apresentar alguma surpresa para o clássico. E aí mora uma grande diferença entre os trabalhos. Se Diniz praticamente mantinha o mesmo time-base de um jogo a outro, Crespo não deixa de mexer para buscar resultados melhores. E isso deixa o jogo na Vila mais imprevisível do que um simples reencontro seria.
São Paulo, Crespo, Fernando Diniz
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