Às vésperas do decisivo clássico entre São Paulo e Corinthians , neste domingo, no Morumbi, pelo Paulistão , Rogério Ceni deu a primeira entrevista coletiva após a fratura no tornozelo, ocorrida na última segunda-feira. Sorridente, o goleiro ainda não pode pisar com o pé esquerdo, mas com o auxílio de muletas, chegou à sala de imprensa do CT da Barra Funda, na tarde desta sexta-feira. O ídolo agradeceu pelo apoio recebido após a cirurgia, disse que seu maior desafio será a paciência para segurar a previsão de seis meses de recuperação e garantiu que está sendo muito bem substituído por Bosco. Confira os principais trechos da entrevista.



Apoio de todos os cantos



Eu quero agradecer a quantidade de e-mails, mensagens, cartas e depoimentos não só de pessoas públicas, mas de torcedores e companheiros. O agradecimento é especial ao são-paulino em geral. São coisas que deixam a gente emocionado mesmo em um momento complicado.



Volta antes do tempo é possível?



Seria impossível uma avaliação assim quatro dias após a cirurgia. O importante não é o tempo que eu vou demorar, e sim que eu volte bem, com condições físicas boas para dar continuidade ao meu contrato (vai até dezembro de 2012).



Ida ao Morumbi no domingo para torcer



O principal é que o time está se preparando no campo. Ficar com a perna abaixada incha muito meu pé. Mas vou fazer o máximo possível para ir e gostaria de retribuir o carinho estando com os jogadores. O resto eles resolvem em campo.


Momentos de dor no instante da fratura
Estava treinando naquele campo auxiliar e meu pé ficou preso. O André Lima cortou para a direita e eu dei o carrinho. Meu pé ficou preso acho que naquela diferença entre as placas do gramado. Meu pé virou para trás na hora em que caí. Peguei o pé na mão e puxei de forma instintiva, e ele voltou ao normal. Naquele momento, pela dor, eu até achei que tinha luxado. Fiz o exame e já acharam melhor eu ir para o hospital. Decidimos a cirurgia. A primeira pessoa que vi depois no quarto foi o Cafu. Achei que estava na seleção, na Copa do Mundo (risos).

Paciência: o principal desafio



Todo ser humano precisa de paciência. Quem fica lá dentro (Reffis) trabalha três vezes mais. São oito horas por dia. Sei que não é fácil ter paciência, mas é preciso. Agora tenho de ficar deitado, em casa. É chato, mas é um momento da vida que tem de aprender com isso. Tem gente que passa por coisa muito pior. Vejo o Bruno (goleiro da base que sofreu um acidente de carro, ficou tetraplégico e tem recuperado bem os membros superiores) sofrendo com recuperação. Devo agradecer a Deus porque não foi nada fora do comum.



Treino fatídico de segunda



Trabalho há 18 anos aqui e sempre depois dos jogos, especialmente quando tem mudança de campeonato e alteração de bola. Como haveria a viagem para a Colômbia e o treino de reconhecimento lá é rápido, mais um motivo para trabalhar aqui, quando estava bem. Gosto de treinar no dia depois do jogo. Treinei como em todos os outros dias da minha vida.



Confiança total em Bosco


No futebol, tem de ser prático. Ninguém é insubstituível. Falam da liderança, mas isso está dentro da alma de cada um, e não na faixa. Comigo ou sem, este time vai jogar da mesma maneira. Por isso, fiz questão de vir antes do jogo para dar uma satisfação ao torcedor. Liguei para o Bosco um dia antes da partida na Colômbia. Que o Bosco terá um grande momento eu não tenho dúvida. Confio nele.