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Torneio Rio-São Paulo: A conquista de 2001

por Rubens Chiri / saopaulofc.net

Até o dia 7 de março de 2001, há 20 anos, o Torneio Rio-São Paulo era sinônimo de leve frustração para os são-paulinos. Em 21 participações, o máximo posto obtido fora o segundo lugar em quatro ocasiões (1933, a única edição nos anos trinta, 1962, 1965 e 1998 - em 2002 foi, novamente, vice-campeão). Mais do que o simples baixo desempenho – explicado pelo fato da competição ter existido, basicamente, durante o difícil período de construção do Estádio do Morumbi – tudo parecia acompanhado por altas doses de azar ou ironias do destino.



Exemplo disto é que, em 1949, disputou-se um torneio que ressuscitaria o RJ-SP em 1950, o chamado “Torneio Relâmpago - Taça R. Monteiro”, onde os quatro grandes de São Paulo enfrentaram Botafogo e Fluminense, do Rio de Janeiro. O São Paulo foi declarado campeão, embora – por falta de datas – não tenha ocorrido a última partida do certame.


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Posteriormente, esse novo torneio interestadual seria batizado com o nome do ex-goleiro e ex-presidente do São Paulo, Roberto Gomes Pedroza, depois do falecimento dele em 1954. Nem com esta homenagem póstuma o Tricolor passou a ter melhor sorte na competição. De 1950 a 1966, até a Portuguesa ganharia a Taça por duas vezes (1952 e 1955), e pior, no único ano em que não foi realizado, o São Paulo vencera a competição similar disputada em seu lugar: Em 1956 o Torneio Roberto Gomes Pedroza teve duas fases, a internacional – vencida pelo Santos –, e a nacional, a qual os clubes do Rio de Janeiro desistiram de participar.

Ainda que oficialmente o São Paulo tenha vencido a mesma competição dos anos anteriores (Era o mesmo torneio, com o mesmo nome e a com a mesma taça em disputa), não é possível afirmar que era um Rio-São Paulo sem os clubes do Rio, não é mesmo? Vida seguiu e em 1967 o torneio entre clubes de dois estados se expandiu com convites a algumas equipes de outros pontos do Brasil. Passou a ser conhecido como Taça de Prata, mas tecnicamente continuava sendo o mesmo torneio, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Daí Robertão).

Logo abandonado – substituído por um verdadeiro campeonato nacional, em 1971 – a competição só voltou à disputa nos anos 90. Em 1993 (sem a participação do São Paulo, então sem data alguma disponível para disputar mais outro título) falhou, mas em 1997 reviveu em sua fase definitiva e derradeira. O Tricolor bateu na trave no ano seguinte, e em 1999 e 2000 caiu nas semifinais. 2001 foi diferente. Tinha que ser...

O regulamento previa três fases distintas (primeira, semifinais e finais). No início: dois grupos: um com times do Rio, outro com times de São Paulo. Seriam somente quatro partidas, onde as equipes de um grupo enfrentariam as do outro, classificando-se para as semifinais as duas melhores colocadas ao fim. O Tricolor não andava muito bem das pernas, financeiramente falando – seus melhores jogadores haviam sido vendidos ao exterior para sanar as contas. Nomes como Marcelinho Paraíba, Edu, Fábio Aurélio e outras promessas.

Tal situação se agravaria até o final do torneio, pois a patrocinadora de camisa encerraria seu vínculo com o clube (o que proporcionou a peculiar e rara camisa da partida decisiva, com um patrocínio de um único jogo). A aposta, então, foi nas jovens promessas que, em 2000, conquistaram a Copa São Paulo de Juniores.

Na primeira fase, a irregularidade deu o tom. Vitórias de 2 a 0 contra Vasco e Flamengo, na primeira e última rodada, empate em 1 a 1 com o Botafogo, em casa, pela terceira, e a sofrível derrota por 5 a 2 para o Fluminense, em Niterói, com três jogadores do Tricolor Paulista expulsos (Rogério Pinheiro, Gustavo Nery, Wilson).

A desforra veio nas semifinais. Classificando-se em segundo no grupo paulista, com sete pontos (e atrás do Santos, com 10), enfrentou o mesmo Fluminense, então campeão invicto do grupo carioca, com oito pontos – três a mais que o segundo colocado, Botafogo. Na partida de ida, no Morumbi, o São Paulo saiu na frente no mata-mata graças a um gol de França, aos 23 minutos da etapa final.

O placar do jogo de ida, apertado, não garantiu tranquilidade ao Tricolor para a partida seguinte. Pelo contrário, a disputa foi dramática. Os cariocas sairam na frente no Maracanã, com Marco Brito, de cabeça, no começo do segundo tempo e ampliaram poucos minutos depois, com o mesmo Brito. Aos 15 minutos, França, salvador, descontou e manteve o São Paulo na luta. O tempo regulamentar acabou assim.

Com 1 a 0 a favor e 1 a 2 contra, tudo ficou a cargo, então, de pênaltis – gol marcado fora de casa não era critério de desempate e não houve prorrogação. Rogério Ceni, que já exibira uma de suas melhores partidas com a camisa do São Paulo no tempo normal desse jogo, se consagrou mais uma vez na marca da cal naquelas cobranças alternadas. Três pênaltis defendidos (de Roni, César e Jorginho) e 7 a 6 no placar final para o São Paulo!

Surpreendentemente, na outra chave, o invicto Santos tombou frente ao Botafogo. A final, então, foi contra o time da Estrela Solitária, o mesmo que vencera o Tricolor em 1962 e 1998 e havia um grande desfalque nas linhas são-paulinas: Rogério Ceni fora convocado para a Seleção Brasileira. A primeira partida, no Maracanã, só emplacou no segundo tempo, onde o Luís Fabiano, duas vezes, Carlos Miguel e França definiram o jogo e, praticamente, o título: 4 a 1.

No jogo de volta, 7 de março, 71.668 pessoas em um Morumbi eufórico viram a explosão de uma supernova. Ou seja, o nascimento de uma estrela. A partida corria equilibrada, após início sob pressão do Botafogo. Temiam que o São Paulo “entrasse de salto alto” e acabasse por estragar uma conquista praticamente vencida. E o temor se fez presente quando ao fim do primeiro tempo os alvinegros abriram o placar, com gol de Donizete.

Segundo tempo, quinze minutos: um garoto com o número 30 às costas entra em campo, sem chamar lá grande atenção. Vinte minutos depois, o franzino rapaz recebe a bola, dribla o adversário e chuta na saída do goleiro. Gol de empate! O gol de Cacá – futuramente Kaká – não bastou para a consagração: veio então o segundo poucos minutos depois, e o grito de “Campeão!” enfim desentalava-se da garganta do torcedor tricolor.

São Paulo Futebol Clube, Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 2001. Agora sim a competição poderia se extinguir de vez. E isto não tardou a acontecer...

O JOGO DECISIVO

07.03.2001
São Paulo (SP)
Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi)

SÃO PAULO Futebol Clube 2 X 1 BOTAFOGO de Futebol e Regatas

SPFC: Roger; Jean, Wilson e Rogério Pinheiro (capitão); Belletti (Reginaldo Araújo), Fabiano (Kaká), Claudio Maldonado, Carlos Miguel (Julio Baptista) e Gustavo Nery; França e Luís Fabiano. Técnico: Oswaldo Alvarez
Gols: Kaká, 34'/2; Kaká, 37'/2.

BFR: Wagner; Dênis, Valdson e Júnior; Fábio Augusto, Reidner, Alexandre Gaúcho (Souza) e Augusto; Donizete, Taílson (Daniel) e Rodrigo). Técnico: Sebastião Lazaroni.
Gols: Donizete, 39'/1.

Árbitro: Jorge Fernando Rabello
Renda: R$ 620.695,00
Público: 71.668 pagantes



A CAMPANHA

Primeira Fase
17.01.2001 – 2 X 0 – Club de Regatas VASCO DA GAMA (RJ)
25.01.2001 – 2 X 5 – FLUMINENSE Football Club (RJ)
01.02.2001 – 1 X 1 – BOTAFOGO de Futebol e Regatas (RJ)
07.02.2001 – 2 X 0 – Clube Regatas do FLAMENGO (RJ)

Semifinais
14.02.2001 – 1 X 0 – FLUMINENSE Football Club (RJ)
21.02.2001 – 1 X 2 – FLUMINENSE Football Club (RJ), 7 X 6 pen.

Finais
28.02.2001 – 4 X 1 – BOTAFOGO de Futebol e Regatas (RJ)
07.03.2001 – 2 X 1 – BOTAFOGO de Futebol e Regatas (RJ)



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