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Era a última chance de o time comandado pelo uruguaio Pablo Forlán se manter na disputa pelo título estadual, mas é compreensível a falta de argumentos para lotar as arquibancadas de um estádio que, na época, recebia mais de 100 mil torcedores em jogos importantes.
A goleada de 6 a 1 sobre o Noroeste não serviu para nada. O Botafogo, de Ribeirão Preto, empatou em 0 a 0 com a Inter, em Limeira, e ficou com a vaga.
No dia seguinte, tempos pré-internet, ao pegar os principais jornais do estado, o são-paulino não sabia exatamente o tamanho do tombo que havia levado: o clube havia sido eliminado precocemente no Paulista ou, além disso, ainda tinha sido rebaixado para a segunda divisão estadual?
Desde então, 30 anos depois, a serem completados neste sábado, as discussões não acabaram. O São Paulo foi rebaixado?
– Nos sete anos em que eu fiquei no São Paulo, em todos os anos eu disputei título. Não lembro de descenso não, não lembro de segunda divisão não – disse o ex-lateral Zé Teodoro, que esteve em campo contra o Noroeste.
Não é fácil entender como foi disputado o Paulista de 1990. Eram 24 clubes, divididos em dois grupos de acordo com a classificação do ano anterior – os 12 melhores no Grupo 1, os 10 piores, mais Ponte Preta e Ituano, que tinham subido, no Grupo 2. Na primeira fase, as equipes enfrentaram os rivais do outro grupo. Na segunda fase, jogaram contra os adversários do mesmo grupo.
Classificaram-se para a quarta fase os três melhores times de cada grupo, somados os pontos das duas primeiras fases, mais os seis times que tiveram o maior número de pontos na classificação geral, independentemente do grupo.
O São Paulo, com 23 pontos (na época, a vitória valia dois pontos), foi o oitavo colocado do Grupo 1 e não conseguiu essa classificação.
Mas cadê a terceira fase?
A terceira fase foi uma repescagem. Todos os 12 times que não conseguiram a classificação foram divididos em mais dois grupos de seis equipes, que se enfrentaram em turno e returno – as partidas aconteceram durante a disputa do Mundial da Itália. O primeiro de cada grupo foi à quarta fase.
O São Paulo chegou à última rodada da repescagem precisando vencer o Noroeste, mas dependia de uma derrota do Botafogo, o que não aconteceu. O clube foi eliminado do Paulista.
Na quarta fase, Bragantino, no Grupo Preto, e Novorizontino, no Grupo Vermelho, surpreenderam e, como melhores de cada grupo, avançaram para disputar a "Final Caipira", vencida pelo Bragantino.
Repercussão
A polêmica começou no dia seguinte à partida contra o Noroeste. Os dois principais jornais do estado trataram de formas diferentes as consequências daquele jogo.
"São Paulo goleia, mas Botafogo ganha a vaga”, escreveu o Estado de S.Paulo, enquanto a Folha de S.Paulo imprimiu drama consideravelmente maior: “São Paulo vai disputar a Segunda Divisão em 91”.
O Estadão se limitou a relatar a partida. No texto, cita que o resultado faria o São Paulo jogar o “Grupo B do ano que vem”. E diz: “O campeonato de 91 terá 28 times divididos em dois grupos de 14, e o São Paulo terá de ficar entre os primeiros nas duas primeiras fases para, na quarta, voltar a enfrentar Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e Santos”.
A Folha, por outro lado, afirma que o São Paulo, em 1991, disputaria a Série B do Paulista, “sem direito a lutar pelo título”. Para o jornal, a fórmula do ano seguinte consistia em uma Série A, com os 14 melhores de 1990, que decidiriam o campeão paulista, enquanto outros 14 times da Série B brigariam por uma única vaga, para o campeão, pelo acesso para a elite em 1992.
A polêmica está no artigo 50 do regulamento do Campeonato Paulista de 1990. Ele, primeiro, determinava que o Paulista de 1991 teria 28 clubes, divididos em dois grupos de 14.
Depois, informava que a definição dos grupos de 1991 respeitaria a classificação de 1990: os 14 classificados para a quarta fase estariam no Grupo I, enquanto que os dez eliminados na repescagem se juntariam às quatro equipes que subissem da Divisão Especial para formar o Grupo 2.
O texto não avança na fórmula de disputa do torneio.
Por fim, no parágrafo 2º, afirma que o Campeonato Paulista de 1990 não terá descenso à Divisão Especial. E estipula mudança para o ano seguinte, com o rebaixamento de uma equipe e o acesso de outra.
São Paulo campeão paulista no ano seguinte
Como previsto no regulamento, o São Paulo jogou o Campeonato Paulista de 1991 no grupo com os piores classificados em 1990, no que foi rebatizado de grupo Amarelo. O regulamento daquele ano era diferente do anterior, mais simples. Eram, de fato, 14 equipes por grupo, os melhores de 1990 no grupo Verde. As equipes jogaram em turno e returno apenas dentro de seus grupos. A segunda fase teve os cinco melhores do grupo Verde e os três melhores do grupo Amarelo.
O São Paulo, reconstruído com Telê Santana e recém-campeão brasileiro – venceu o Bragantino na final, no primeiro semestre – passeou na primeira fase. Num grupo mais fraco, venceu 17 partidas, empatou oito e só foi derrotado pela Inter de Limeira no returno.
Na segunda fase, o time do Morumbi caiu no mesmo grupo de Palmeiras, Guarani e Botafogo. Após seis jogos, fez os mesmos nove pontos do Palmeiras, mas avançou à final por ter feito melhor campanha na fase anterior.
Na decisão, contra o Corinthians, o São Paulo venceu por 3 a 0 o jogo de ida, com três gols de Raí, e segurou o empate sem gols na volta para conquistar o Paulista de 1991.
Dali, o São Paulo partiu para vencer a Libertadores e o Mundial duas vezes cada nos dois anos seguintes, além do Paulista de 1992.
Um time que ficou na história do clube.
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São Paulo, rebaixamento, paulistão, 1990
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