Lugano, atualmente superintendente de relações institucionais do São Paulo, deu longa entrevista ao site argentino Infobae, publicada nesta sexta-feira, em que cita ter estudado a Democracia Corintiana. Ele também disse que teve um companheiro de elenco homossexual e revelou que usa a narração da final da Copa de 1950, a segunda vencida pelo Uruguai, como motivação.
– O Corinthians é meu maior rival aqui (no Brasil). Sócrates era um fenômeno, uma besta como jogador. Foi um momento muito particular da sociedade brasileira – afirmou Lugano sobre o movimento liderado pelo meia corintiano no começo da década de 1980, em meio à ditadura instalada no Brasil, ao lado de outros atletas, como Casagrande e Wladimir.
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– (Sócrates) tinha uma forma de se expressar, um carisma e uma preocupação social notável – disse Lugano, antes de citar o que chamou de “outro lado da moeda”.
– Eu também escutei Emerson Leão, uma personalidade forte, que era parte da Democracia. Disse que era muito linda a Democracia Corintiana, mas que não o deixavam treinar – continuou Lugano, sobre o ex-goleiro que defendeu o Corinthians naquele momento e era um crítico do movimento dos jogadores.
– É verdade, muito linda a democracia para decidir tudo, mas se de repente seis queriam treinar, e dez não, não te deixavam? É muito romântica a história, Sócrates é um fenômeno em um contexto social e político muito especial, mas, bem, temos que dar a dimensão necessária – completou Lugano, que hoje é colega de Raí, irmão de Sócrates, na diretoria do São Paulo.
Na entrevista, Lugano também foi questionado sobre a presença de jogadores homossexuais no futebol e disse ver a questão de forma “muito natural”.
– Eu tive um companheiro homossexual e houve polêmica a princípio, mas depende muito da conduta. Se é eficiente, se é boa pessoa, faz seu trabalho e não prejudica ninguém, não importa (a orientação sexual) – afirmou, sem citar o nome do atleta ou a equipe em que jogaram juntos.
– O futebol teoricamente é um ambiente machista, creio que todos tivemos uma experiência de ter compartilhado (o trabalho) com algum jogador homossexual. Que faça o melhor de sua vida para ser feliz. Vejo de forma muito natural.
Maracanazo motivacional
Capitão da seleção Uruguai por muito tempo, Lugano contou que tem o costume de ouvir a narração da partida final da Copa de 1950, o Maracanazo, quando a seleção celeste venceu o Brasil por 2 a 1.
– Escutava muito em momentos de tensão na seleção. De repente, quando ia treinar em Paris. Ou na Turquia. Estávamos mal na seleção, tínhamos que nos recuperar de situações complicadas, e era algo que me dava sentido de responsabilidade.
– Era algo motivacional e de sentido de pertencimento. Nem eu sei o porquê. Me fazia sentir que tinha que tirar sempre algo a mais, que era minha responsabilidade. Poucos companheiros meus sabem. Não ia contar que andava num Aston Martin em Paris, pela Champs-Élysées, tomando mate e ouvindo o relato do Maracanã.
Um dos episódios mais marcantes com que Lugano precisou lidar como capitão do Uruguai foi a mordida de Luis Suárez no italiano Chiellini na Copa de 2014. Ele defendeu o atacante, que foi expulso e tomou gancho pesado da Fifa:
– Passaram o jogo perseguindo o Luis. Do banco o provocavam. Faltavam dez minutos, tínhamos que ganhar, e o que Luis fez foi tirar Chiellini do jogo. Por acaso ou não, no escanteio seguinte, Chiellini perdeu a marcação de Godín, gol de Godín e classificação do Uruguai.
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