publicidade

Coronavírus: clubes preparam redução de salários, mas jogadores resistem

Clubes fizeram reuniões por vídeo para definir futuro do futebol brasileiro Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

O avanço do coronavírus e a suspensão do futebol no Brasil por tempo indeterminado levou os principais clubes do país a se mobilizarem para garantir a sobrevivência financeira. Com a maior parte das fontes de receita se esgotando, a prioridade, desde sexta-feira, é uma negociação trabalhista com atletas para reduzir salários e direito de imagem - a iniciativa, entretanto, foi mal recebida principalmente pelos atletas de elite, com os maiores vencimentos.



Paralelamente, diretores financeiros dos principais clubes elaboraram um pacote mais abrangente de medidas para discussão, incluindo congelamento de débitos com o poder público, isenções de impostos e antecipação de verbas.



LEIA TAMBÉM: Dirigente do São Paulo cita prejuízo incontável por pandemia de coronavírus


A linha geral da proposta aos atletas surgiu na última sexta, em uma reunião por vídeo com a presença de quase 50 clubes das séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. O pacote envolve férias imediatas de 30 dias, a partir dessa semana, para os jogadores; a partir do 31º dia, caso a situação não esteja normalizada, redução de 50% nos salários e direitos de imagem; se depois de mais 30 dias a suspensão dos torneios persistir, seria permitida a suspensão dos contratos até que a pandemia seja superada.

Há debate sobre definir um piso às medidas, aplicando apenas nos vencimentos superiores a R$ 40 mil mensais. Há pequenas divergências internas e opções em debate, como suspender pagamento apenas de direitos de imagem, mas, em linhas gerais, a discussão é sobre um corte dos vencimentos de atletas pela metade dentro de 30 dias.

Dirigentes ouvidos pela reportagem avaliam que a sugestão inicial citada nessa reportagem foi considerada positiva pelos sindicatos estaduais, e, por sugestão das próprias entidades, passou a ser enviada a alguns jogadores durante o final de semana.

Porém, entre os atletas, a primeira reação foi de indignação e não aceitação das condições, principalmente entre os que atuam na elite do futebol nacional, que defendem clubes da Série A e são donos dos maiores salários. O UOL Esporte teve acesso a manifestações nas quais jogadores de renome reclamam que seguem tendo despesas mensais e que não aceitarão cortes salariais.

A reação causa apreensão e até pânico nos clubes do país. Cartolas de cinco diferentes clubes da Série A afirmaram à reportagem que já lidam com pedidos de patrocinadores para suspender os pagamentos, já que não há mais exposição de imagem. As receitas de transmissão da Globo são as únicas garantidas no momento, mas há receio de que isso possa mudar nos próximos dias.

Os dirigentes argumentam que o pacote é razoável, já que os jogadores de fato não estão trabalhando, e, com os 30 de férias e os cerca de 15 dias desde a generalização da pandemia, teriam 45 dias de recebimento integral de salários antes que começassem a sofrer efeitos financeiros.

Uma nova reunião é prevista para a manhã desta segunda-feira, para seguir debatendo o caso. O prazo para adoção e anúncio das medidas é curto também - isso deve acontecer a partir de quarta-feira, ainda essa semana, mesmo que deflagre um conflito entre times e seus jogadores.

Diretores financeiros articulam pacote mais abrangente

A questão trabalhista dos atletas é a mais urgente, mas não é a única em pauta nos clubes do Brasil. A Associação Brasileira de Executivos Financeiros do Futebol (Abeff), presidida pelo diretor financeiro do São Paulo, Elias Albarello, e que reúne dirigentes de finanças de vários times do país, preparou um pacote de sugestões que está sobre a mesa e será debatido no decorrer da semana. Um prazo final para uma decisão acontece em 30 de março.

Um documento elaborado pela Abeff e obtido pelo UOL Esporte, dirigido a diversos órgãos do governo federal, a tribunais nacionais, à Globo, à CBF e à Turner, apresenta medidas amplas chamadas de necessárias para a "manutenção econômica do futebol brasileiro em função da pandemia de Covid-19". São três frentes: medidas relativas a taxas, tributos e questões trabalhistas; medidas relativas a custeio de competições e medidas relativas a receitas e geração de caixa.



A órgãos do governo Jair Bolsonaro a Abeff sugere a suspensão de pagamentos do Profut outros programas de parcelamento de impostos por 12 meses, além da suspensão da cobrança dos próprios impostos federais (IRRF, INSS, FGTS, PIS, COFINS). No âmbito trabalhista, a permissão para acordos de redução de salários não só de jogadores, mas também de funcionários e colaboradores, além da possibilidade de suspender o pagamento de acordos já existentes firmados em ações judiciais e negociações, sem que isso resulte em qualquer multa ou penalidade.

Os diretores financeiros sugerem pedir à CBF que, quando aconteça o retorno das competições, ela custeie as despesas logísticas das equipes no Campeonato Brasileiro, assim como despesas de arbitragem, exames antidoping e outros. Além disso, também falam em isenção das taxas de registro de jogadores. A discussão sobre mudanças de calendário - uma hipotética adequação ao modelo europeu, com o Brasileiro invadindo o primeiro semestre de 2021, ou a mudança de fórmula para 'mata-mata' foram deixadas na gaveta, a pedido de Walter Feldmann, secretário geral da confederação, conforme apurou a reportagem.

A CBF ainda demonstra otimismo nos bastidores para a manutenção do Brasileirão como previsto em 2020. Mais: mesmo com adequações, há intenção de terminar os Estaduais, a pedido das federações locais, que costumam faturar o melhor da temporada nas finais dos torneios. O anseio, no entanto, não encontra muitas adesões entre os clubes da Série A.



Há ainda um pedido de criação de um fundo emergencial de socorro a clubes por parte da CBF, liberação de antecipação de receitas de TV e aceleração na liberação de programas de apostas que possam gerar receita extra. O documento, no entanto segue em debate, e ainda não foi encaminhado a autoridades.

São Paulo, Coronavírus, Clubes, Redução, Salários, SPFC

VEJA TAMBÉM
- Veja como deve ser a escalação do Tricolor contra o Barcelona-EQU
- São Paulo vence Atlético-GO e ganha pela primeira vez no Brasileiro
- Veja como assistir Atlético-GO vs São Paulo ao vivo


Receba em primeira mão as notícias do Tricolor, entre no nosso canal do Whatsapp


Avalie esta notícia: 14 0

Comentários (10)
prata
24/03/2020 00:06:15 Sid_Soberano

Se os jogadores não aceitarem fazerem algo em prol do clube,todos vão quebrar de vez!

Não existe receitas,sem futebol!

Imagina um empresário que patrocina o clube,sem ter aquilo que consta no contrato???

Eh a mesma coisa que vc ter uma empresa e não ter compradores!?

Como a empresa vai pagar funcionários se não vendem a mercadoria???

Futebol funciona assim tbem!

Se os jogadores não aceitarem redução nos salários,logo logo os clubes estão declarando falência!

O futebol brasileiro está parando por uma boa causa,pois este Corona não é um vírus comum: este Corona mata pessoas!!!

23/03/2020 12:02:00 Alessandro Moreira

Isso é bom para que as pessoas vejam o que os milionários do futebol priorizam em suas vidas. O bolso deles de que se foda a torcida. Por isso não vou mais em estádio em quase nem assisto pela TV. Mas repito, mesmo assim em milhões de idiotas que fazem questão de ir aos estádios pagar caro pra ver esses malditos.

23/03/2020 11:58:23 Drizzo

Ganancia desgraçada! O trabalhador comum, o vendedor ambulante, entre outros, esses tem que aceitar redução de salário, ficar sem trabalhar, não ter muitas das vezes nem como se manter para o resto do mês... mas os jogadores, principalmente os da elite do futebol, que isso cabe somente pra eles, com seus salários astronômicos, não podem fazer o " sacrifício " de reduzir o salário em 50% enquanto ficam sem fazer nada em suas mansões? Não podem reduzir um pouquinho que seja seus custos de vida pra ajudar nesse momento complicado que o mundo vive? Esses que com certeza tem reservas enormes pra se manterem por um bom tempo sem ganhar um centavo, não podem fazer um pequeno esforço pra ajudar nesse momento? Não adianta galera, quanto mais você tem, mais ganâncioso você fica, triste realidade.

23/03/2020 11:46:53 filipesousa

Bando de mercenários, só o ego deles que importa o clube que se lasque.

23/03/2020 11:09:36 R.Edil

Os jogadores de futebol, notadamente os de elite, representam a classe que recebe os maiores salários e que dão a menor contrapartida em razão do recebido, ou seja, na minha humilde e modesta opinião, é a classe de trabalhadores mais inútil que existe, falando, é claro, em termos de produtividade.
Imaginem que esses pobres trabalhadores, alguns com salários mensais na casa do milhão, ou muito perto disso, não querem ter redução nos seus salários, alguns justificando que tem despesas.
Ora, isso é uma afronta a dignidade dos trabalhadores desempregados e daqueles remunerados com salários que mal serve para custeio de suas despesas mensais.
Tenham vergonha na cara. Respeitem a inteligência do cidadão. Vocês tem condições, não só, de terem seus salários reduzidos (assim como esse direito de imagem, que é mero subterfúgio para pagarem menos impostos), como também de agirem com agentes sociais ajudando quem mais precisa. Vide o ex-goleiro Marcos do Palmeiras, em quem vocês deveriam se espelhar.
Sou sãopaulino, mas em razão do rumo descendente que meu time tem tomado por conta das últimas administrações, tenho gradativamente arrefecido minha paixão pelo futebol. Agora, se essa informação acerca dos jogadores (principalmente os da "elite") for verdadeira, realmente o único sentimento que pode me ocorrer neste momento, é de repulsa, repugnância, asco, nojo. Se for verdade, falta dignidade, na exata proporção que sobra dinheiro.

23/03/2020 11:05:39 Edu nick

Por isso q o mundo está assim a ganância ea vaidade fala mais alto ,esquece da humildade que Deus passe a vassoura no que ele acha necessário!

ouro
23/03/2020 10:50:04 Lemonz

Bolsonaro editou hj uma MP que permite suspender por 4 meses todos os contratos de trabalho sem pagar salários e mantendo os benefícios. Os clubes com certeza usarão isso.

Ridículo jogador que ganha 50 mil ou mais chorando disso, com certeza tem muito mais reserva que quem ganha salário minimo e todo mundo será afetado pela crise

Foda e os outros 95% dos jogadores de clube pequeno que ganham salario mínimo, vão perder o seu sustento e se juntar a massa da miséria.

23/03/2020 09:53:18 Lucas Araujo

Quero que esses jogadores vao se fuder bando de filha da puta

23/03/2020 09:24:37 Alessandro Sanches Pena

Tou dentro de casa se eu não traballa não ganho nem um centavo e esses caras q ganham um milhão e meio não pode reduzir o salário pela metade quando morrer ai quero ver se vai levar um centavo fico indignado .

23/03/2020 09:20:40 Alessandro Sanches Pena

E difícil ter q tulerar isso o mundo vivendo uma pandemia esses caras pensando so no dinheiro e em si mesmo eu q sou altonomo como vou fazer

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.