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HUMBERTO PERONT

Time bem treinado

Não faço parte da corrente que insiste em dizer que nos últimos anos se valorizou muito o trabalho dos treinadores e, por isso, eles começaram a aparecer demais, inclusive mais que os atletas. Acho que este destaque é que descobrimos que os treinadores são mais que meros distribuidores de camisas --apesar de que alguns são tão incompetentes que nem para isso servem.

Nós últimos anos, com o a diminuição de craques nos nossos gramados, começamos a dar muito mais atenção aos trabalhos dos treinadores. Até porque a responsabilidade de mudar o ritmo de uma partida, que por muito tempo foi quase que exclusiva dos homens que estavam no gramado, passou a ser dividida com os técnicos. Por isso, hoje podemos cobrar o que os treinadores fazem e também podemos exigir que as equipes tenham um padrão de jogo, esquemas táticos definidos, independentemente do resultado do jogo.

Um dos aspectos que se deve observar se uma equipe é bem treinada ou não está na maneira como os jogadores se distribuem em campo. Se o técnico sabe trabalhar bem a equipe, os jogadores estão espalhados pelo gramado de forma compacta. Ou seja, não existe uma distância muito grande entre os três setores; defesa, meio-campo e ataque. Bem disposto em campo, um time não vai deixar os zagueiros sozinhos contra os atacantes adversários, ou deixar os atacantes órfãos esperando um companheiro para ajudar a bater os incontáveis zagueiros do time adversário.

Em uma equipe que tem padrão de jogo e atletas bem distribuídos no gramado, os jogadores sabem o que fazer em determinados momentos sem que ninguém precise perder a voz. Por exemplo, se está impossível realizar uma jogada por um lado do campo, um jogador sabe que pode virar o jogo que vai encontrar um companheiro livre (e esperando a bola) do outro lado.

É fácil perceber o trabalho (bom ou mal) do treinador nos sistemas de cobertura que a equipe possui. Se, por exemplo, num lançamento longo nas costas do lateral, apenas um zagueiro ou volante sair rápido para cobrir o companheiro, enquanto o ala volta na diagonal para fechar a defesa, percebe-se que o treinador trabalhou. Agora, se vão três jogadores para correr atrás do adversário e a defesa ficou toda escancarada, podemos concluir que pouco o treinador fez durante os treinamentos.

Também é função do técnico saber posicionar a sua defesa em cruzamentos e a posição de todos os atletas em um escanteio ou falta lateral, inclusive aqueles que vão ficar encarregados de lutar pelo rebote. A maioria dos gols que saem em bolas cruzadas não é culpa dos goleiros ou dos zagueiros, mas sim dos treinadores que não sabem como posicionar seus atletas. Em um time que é treinado de maneira correta, já se sabe antes de a bola rolar quais jogadores ficarão na barreira, dependendo do lugar que será batida a infração.

Tem que se cobrar dos treinadores que eles achem alternativas ofensivas para os clubes. Isto inclui a movimentação dos jogadores. Se algum avante se movimenta para os lados do campo, tem que se criar um sistema que faça que esse deslocamento crie espaço para que outros jogadores ocupem o local.

Não adianta o treinador ficar gritando e pedindo desesperadamente que um time faça uma jogada pelos lados do campo, se durante a semana ele não trabalhou com os meias e laterais uma jogada de passagem pelas extremas do gramado.

O bom treinador é aquele que consegue achar o melhor esquema tático de acordo com os jogadores que tem no seu elenco. Não adianta nada ele usar o esquema com três zagueiros se ele não tiver pelo menos um defensor que seja rápido, ou contar com laterais que saibam se transformar em jogadores de meio-campo quando o time está com a bola.

Querendo ou não, o futebol mudou muito e hoje o talento dos jogadores ainda decide, mas vence as equipes que são mais bem treinadas.

Até a próxima.

O destaque:
Muito ruim o clássico paulista do último final de semana. As duas equipes, o São Paulo com um time misto, e o Corinthians armado de uma maneira covarde, fizeram um jogo truncado. O primeiro tempo foi de dar sono. No segundo tempo a partida melhorou um pouco com a entrada de Hernanes e Borges no time de Muricy, e Boquita, no Corinthians, mas mesmo assim não tivemos um jogo que agradasse. De positivo apenas os dois gols do jogo, que foram muito bonitos.

O que deveria ser destaque:
Morte de torcedor em Minas Gerais, polêmica na distribuição de ingressos e briga entre torcedores e a polícia em São Paulo. É humilhante para os nossos clubes e dirigentes como eles não conseguem organizar um espetáculo. Qualquer evento que exige um pouco de planejamento tem sérios problemas. Já passou da hora de alguém tomar uma providência, pois estamos muito perto de tirar a vontade das pessoas irem aos estádios --inclusive os Vips dos camarotes, o novo alvo para trazer dinheiro aos clubes.

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