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A errante e obscura gestão de Leco precisa desengavetar reformas para salvar o São Paulo

Estudo da Deloitte sobre o São Paulo S/A está pronto e engavetado há quase um ano. A diretoria tricolor nega até o básico em termos de transparência. A crise é pior do que só mau futebol

Leco e Raí, respectivamente presidente e diretor de futebol do São Paulo — Foto: Marcelo Hazan

Não é sempre que o presidente personifica, com tamanha força, a crise de um clube de futebol. Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, chegou lá. O São Paulo foi derrotado em mais um clássico, desta vez contra o Palmeiras, foi eliminado precocemente da Libertadores e não disputa títulos relevantes há muitos anos. A torcida o xinga das arquibancadas e pede a sua saída do cargo, assim como faz com o diretor de futebol Raí. É compreensível que reaja dessa maneira, mas não é suficiente. Não adianta fulanizar. O São Paulo não tem sido constantemente derrotado só porque joga mau futebol, e sim porque parou no tempo em relação à administração. A crise é estrutural.



Contraditório em relação ao seu próprio retrospecto, o São Paulo é um dos clubes mais obscuros de toda a primeira divisão. A diretoria cumpre a obrigação legal de publicar o balanço financeiro até 30 de abril do ano seguinte, e só. Ninguém sabe a quantas andam as finanças tricolores.



É padrão, entre empresas de grande porte, que demonstrações financeiras trimestrais sejam divulgadas ao mercado. É também comum, entre os grandes do futebol, que orçamentos referentes às temporadas em andamento sejam divulgados. O São Paulo não o faz nem por iniciativa própria, nem reativamente, em resposta a jornalistas.

Transparência deveria ser prioridade. Porque faz bem à reputação diante do mercado financeiro e do publicitário, ambos importantes para a administração, e principalmente porque é correto com a torcida. A diretoria são-paulina apela ao seu torcedor para que ele seja sócio torcedor, espera dele contribuição para que haja boas rendas com bilheterias, mas nega a esse mesmo torcedor informações básicas.


Também em contradição com seu histórico de vanguarda administrativa, o São Paulo hoje evita enveredar pela profissionalização por meio da abertura de uma empresa para o futebol. Não por desconhecimento. Presidente e conselheiros têm em suas gavetas, pronto, um estudo feito pela Deloitte a apontar os caminhos para fundar o São Paulo S/A. Faz quase um ano que o trabalho foi finalizado. E ele continua engavetado.

A operação funcionaria da seguinte maneira. O futebol profissional, atualmente administrado pelas mesmas pessoas que estão preocupadas com piscinas para associados e esportes amadores, teria seus ativos transferidos para uma sociedade anônima. Receitas e despesas, bens e dívidas. Em vez de estar sob o comando de uma associação sem fins lucrativos, teria formato e envergadura de empresa de grande porte.

Talvez o torcedor não saiba que, dentro das gavetas tricolores, há opções para a gestão errante, obscura e atrasada que está em vigor
Hoje superado na grana por adversários como Flamengo e Palmeiras, o São Paulo S/A pegaria dinheiro emprestado com taxas de juros mais baixas, porque teria mais credibilidade perante o mercado financeiro. Isso para ficar no básico. Sem considerar, a priori, as possibilidades de captar centenas de milhões com abertura de ações em bolsa, venda de participações para outras empresas, coisas que se faz no mundo todo. Na Europa, nos Estados Unidos, na América do Sul. Até o torcedor poderia comprar ações e se tornar dono de fato do clube.

O São Paulo S/A teria diretoria constituída apenas por profissionais, com CEO e diretores financeiro, jurídico, de marketing e de futebol abaixo dele. Todos remunerados, vindos do mercado e cobrados conforme planejamento e metas. A associação sem fins lucrativos São Paulo continuaria a ser dona do clube de futebol, pois da empresa seria acionista majoritária, mas seus conselheiros não participariam do cotidiano. Blindagem contra politicagem e paz para trabalhar.

Ah, e planejamento. Não para o exercício em andamento, nem apenas para o ano seguinte. Planejamento detalhado em todas as áreas da empresa pelos próximos dez anos. Isso de gastar todo o dinheiro para atender ao técnico atual, e depois demitir esse técnico por pressão política e externa, tendo que correr atrás de mais dinheiro para satisfazer o sucessor, viraria anedota para rir de um passado inglório.

Sabe qual é o contraponto dessa história de sociedade anônima? Sem a isenção própria da associação sem fins lucrativos, o São Paulo S/A pagaria mais impostos. Sabe quanto, de acordo com o estudo formulado pela Deloitte? Na pior das hipóteses, o São Paulo trocaria o lucro de R$ 800 mil que obteve em 2016 por um prejuízo de R$ 7 milhões. Isso para um clube que faturou quase R$ 400 milhões. Pouco diante dos benefícios que a estrutura societária traria. E sem considerar nenhum ganho adicional com patrocínios ou outras receitas. Apenas custos.



Nada disso é novidade para Leco, Raí ou conselheiros que tiveram acesso ao estudo feito pela Deloitte a pedido do próprio São Paulo. Mas talvez seja para a torcida. Talvez o torcedor não saiba que, dentro das gavetas dos atuais dirigentes, há opções para a administração errante, obscura e atrasada que está em vigor. Talvez o são-paulino não saiba que a transparência negada a ele é dada a adversários. Fica a sugestão de que, em vez de fulanizar, pautas construtivas entrem no lugar.

O mandato de Leco logo, logo acaba. E as velhas práticas?

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