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Ex São Paulo, relembra empáfia do Liverpool no Mundial de Clubes 2005

A maior parte do elenco campeão mundial em 2005 pelo São Paulo em cima do Liverpool, no Japão, já pendurou as chuteiras. Alguns atletas mais jovens daquele plantel, porém, seguem em atividade 14 anos depois.



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É o caso, por exemplo, do volante Alexandre Luiz Fernandes, mais conhecido como Alê. Aos 33 anos, ele atualmente milita no Juventus da Mooca, tradicional equipe paulistana que disputa a Série A2 do Estadual.

Titular absoluto, ele já soma cinco partidas pelo "Moleque Travesso" nesta temporada, e esbanjando vitalidade: atuou os 90 minutos em quatro desses duelos, e saiu apenas faltando 10 minutos para o fim contra o Linense, pela 3ª rodada.

"Estou bem no Juventus, que tem um grupo bom e bem novo. Acredito que dará bons frutos. Estamos no caminho certo e temos um comando muito bom com o Alex Alves [ex-atacante de Cruzeiro e Botafogo]. Temos tudo para fazer um bom campeonato", garantiu, à ESPN.

"Aqui é um clube muito tradicional, que tem tudo para voltar a ser o que foi no passado. Queremos subir de divisão e revelar jogadores. Vamos brigar forte", prometeu.

Em longa conversa com a reportagem, o meio-campista relembrou os pontos altos de sua carreira e revelou divertidos bastidores dos tempos de Morumbi.

INÍCIO E PASSAGEM PELA SELEÇÃO

Nascido na capital paulista, Alê começou no futebol nas categorias de base do próprio Juventus. Depois, passou por Corinthians e em seguida pelo Grêmio. Em Porto Alegre, porém, ficou com saudades de casa, e acabou retornando à cidade natal.

"Nisso, um vizinho me falou que ia ter teste no São Paulo e eu fui fazer. Acabei passando e depois fiquei muitos anos lá, do juvenil até o profissional", recordou.

"Minha geração tinha Fábio Santos, Renan, Diego Tardelli, Hernanes, Edcarlos, Jean, só feras! Até o Hulk esteve na base com a gente também, em 2002. Nossa equipe era muito forte", exaltou.

Alê foi promovido aos profissionais com apenas 18 anos.

"Subi para treinar e já fiz minha estreia em uma viagem para os Estados Unidos, onde enfrentamos o LA Galaxy. Depois, desci para jogar a Copinha e voltei ao profissional. Foi tudo muito cedo e rápido. Minha estreia oficial como titular foi já no Brasileirão de 2004, contra o Santos. Nosso grupo era ótimo, e todos me passaram muita tranquilidade para jogar", elogiou.

O meio-campista subiu com tanto destaque na equipe do Morumbi que, no ano seguinte, foi convocado pela seleção brasileira sub-20 para a disputa do Sul-Americano da categoria, na Colômbia.

"Nossa equipe tinha muitos jogadores de ponta, como Filipe Luís, Fernandinho, Rafael Sóbis, entre outros. Enfrentamos na última rodada a Argentina do Pastore, Zabaleta e Messi. O Messi entrava sempre no segundo tempo, mas já dava para ver que era um cara acima da média. Infelizmente, perdemos por 2 a 1, o Messi fez um gol e acabou sendo o ponto de diferença", rememorou.

O Brasil acabou como vice-campeão, com 9 pontos no hexagonal final. A anfitriã Colômbia, que somou 13, ergueu a taça.

Messi, por sua vez, foi o vice-artilheiro da competição, com seis tentos, cinco a menos que o centroavante colombiano Hugo Rodallega.

CAMPEÃO DA LIBERTADORES

Após fazer 34 partidas pelo profissional do São Paulo em 2004, Alê seguiu no grupo em 2005, quando o Tricolor viveu um dos melhores anos de sua história, faturando três títulos: Paulistão, Libertadores e Mundial de Clubes da Fifa.

"Foi uma das temporadas mais especiais da minha carreira. Além dos títulos, tive um aprendizado muito grande, coisas que levo até hoje comigo. Nosso elenco era uma seleção! Tenho amizade com muitos deles até hoje", contou.

Sua lembrança favorita do torneio continental são as semifinais contra o River Plate.

"Eu entrei no decorrer do jogo de ida, no Morumbi, e era bem menino. A partida era muito difícil, mas nossa equipe era muito experiente, e os caras me acolheram muito bem. Consegui me sair bem, graças a Deus", relatou.



"Lembro que o meio-campo e ataque deles era muito bom, tinham Mascherano, Lucho González, Gallardo, Sallas. Mas ganhamos de 2 a 0 em casa e em Buenos Aires o Amoroso jogou demais. Ele tinha acabado de chegar, era só o segundo jogo dele com a camisa do São Paulo, mas ele deitou nos caras. Além de um craque, é uma pessoa sensacional. Foi um dos caras que mais me ajudou na carreira", emocionou-se.

Alê ainda lembrou várias histórias divertidas daquele elenco.

"A gente sempre fazia um rachão antes das partidas. O Luizão montava um time e o Júnior comandava o outro, e havia uma rivalidade muito grande. Eu jogava pela equipe do Luizão, e um dia ele me falou: 'Alê, vou dar R$ 50 por cabeça hoje se meu time ganhar'. Na época, era um dinheirão. Já enchia o tanque do carro (risos)", gargalhou.

"Aí virou um clássico mesmo. O pessoal dividia igual final da Libertadores (risos). Uma hora, o Rogério Ceni falou: 'Calma, rapaziada! Tem jogo amanhã ainda! Vamos esquecer isso aí (risos)'. Estava todo mundo jogando pra valer, até dando carrinho", recordou.



Uma das grandes figuras do plantel era o atacante Diego Tardelli, à época apenas uma revelação da base e com alguns problemas de pontualidade, que por vezes acabavam complicando o elenco, como lembrou o meio-campista.

"O Tardelli um dia chegou de helicóptero no treino! Ele era uma figura. Uma vez ele chegou atrasado ao treino das 9h e o Leão, como punição, adiantou o treino do dia seguinte às 8h. Aí ele chegou atrasado de novo, e o Leão marcou o treino do outro dia às 7h", contou.

"Aí a turma mais experiente deu no meio dele: 'Isso está errado e ele não vai para o jogo. Pode mandar de volta para a base que ninguém vai chegar aqui 6h da manhã por causa dele (risos). Tardelli era uma comédia, uma figuraça", sorriu.

O DESPREZO DO LIVERPOOL

Alê não jogou no Mundial de Clubes, mas fez parte da delegação que conquistou o título.

"Eu fui para o Japão junto com Denílson, Richarlyson e Renan. Nós éramos os volantes reservas. Foi show de bola! Foi uma viagem inesquecível, não só pelo título como por tudo o que aconteceu. Tínhamos total confiança que íamos vencer aquela taça, pela força do nosso elenco e também pela união de todos", relatou.

Fã de uma boa resenha, o atleta obviamente tem uma história divertida para contar.

"Lembra do Flávio Donizete? O apelido dele no grupo era 'Mata-cachorro'. Ele tinha um Golf que vivia com o para-choque detonado, e a gente tirava sarro falando que ele atropelava cachorros no caminho pro CT. Um dia, nós fomos jantar no hotel e todo mundo ficava: 'Mata-cachorro' pra cá, 'Mata-cachorro' pra lá. De repente, chega um garçom perguntando se ele queria comer cachorro, que ele arrumava a carne pra ele", rememorou, às gargalhadas.

"Foi uma coisa muito engraçada. Ele ficou com aquele cara, gritando: 'Não, pelo amor de Deus' (risos). De tanto escutar 'cachorro', 'cachorro', o garçom levou pra ele experimentar. O Flávio é uma figuraça, jogava muito firme. Uma vez quase matou o Raí num rachão (risos)", divertiu-se.



Alê também relembrou a empáfia com que o Liverpool, então campeão da Champions League e considerado um time imbatível, já que vinha de uma série de 11 jogos sem perder e sem sofrer gols antes do confronto contra os donos da Libertadores.

"Às vezes, eles (europeus) acham que nós não temos disciplina tática, mas nós demos uma aula naquele dia. Eles entraram achando que iam fazer gol quando quisessem, e a gente mostrou que não era assim que as coisas iam funcionar", bradou.

"A gente se fechou bem e ganhou com o gol do Mineiro. O Rogério Ceni, como sempre, deu a palavra antes do jogo. Ele nos incentivou a todo momento e não nos deixou abalar nunca. O São Paulo é tão grande quanto o Liverpool, e nós mostramos isso naquele dia. Foi uma grande partida, certamente um dos jogos mais disciplinados que o time já fez na história", exaltou.

QUASE UM MILAGRE NO PAULISTÃO

Em 2006, Alê perdeu espaço no São Paulo e acabou emprestado ao Botafogo. Destacou-se e acabou repassado ao Cerezo Osaka, do Japão, que defendeu por quase três anos. Em 2009, ele voltou ao Brasil para jogar pelo Santo André, que possuía uma equipe fortíssima -prova disso é que chegou à final do Paulistão e vendeu caro o título para o Santos de Neymar e Paulo Henrique Ganso.

"Foi um time montado com muitas feras, como Bruno César, hoje no Vasco, e Rodriguinho, que depois jogou no Fluminense. Foi um grupo que se uniu muito com o objetivo de voltar aos times grandes depois do campeonato, pois o Paulista é uma ótima vitrine. Até nosso banco era forte. Pra você ter uma ideia, o Ricardo Goulart, que agora está no Palmeiras, e o Vítor Hugo, da Fiorentina, eram reservas!", lembrou.

O volante relembrou alguns bastidores do funcionamento peculiar daquele elenco.

"Tinha churrasco sempre durante a semana se a gente ganhasse. E tinha algumas metas, como a do Carnaval. Era simples: se não ganhasse, não podia ir pra folia (risos). Brincadeiras à parte, foi um grupo de muita superação e entrega, e até hoje conversamos", disse.

As finais contra o Peixe foram espetaculares.

No jogo de ida, 3 a 2 para o Santos, gols de André e Wesley (2) para o clube alvinegro e Bruno César e Rodriguinho para o Ramalhão.

Na volta, vitória andreense por 3 a 2, inclusive com um gol de Alê - os outros foram de Nunes e Branquinho. Neymar marcou duas vezes para o Alvinegro, que ficou com a taça por ter a vantagem de jogar por dois resultados iguais.



"Nós conseguimos enfrentar aquele timaço de igual para igual, sem entrar para só se defender. A gente atacou muito e jogou demais. E aconteceram coisas que acontecem no futebol, faz parte, como erro de arbitragem. Se não tivesse acontecido isso, a gente poderia ter sido campeão. O Arouca ainda tirou uma bola em cima da linha durante o jogo, teve também uma bola na trave aos 47 do 2º tempo que nos daria o título. Futebol é assim mesmo, um dia você ganha, no outro perde", lamentou, antes de lembrar outro "causo" interessante.

"Quando a gente entrou em campo e olhamos para o troféu, já estava com o nome do Santos, acredita? É até engraçado lembrar (risos). A gente começou a zoar: 'Ué, não vai ter jogo?'", brincou.

"Lembro que o Nunes disse que ia jogar aquela taça no chão e quebrar. 'Vamos arrumar um rebuliço!', ele gritava. Demos muita risada com isso antes do jogo, e usamos para nos motivar ainda mais. É um privilégio dizer que pude participar daquela final que ficou para a história e será lembrava para sempre", complementou.



TEMPOS DUROS NO ATLÉTICO-MG

O ótimo Paulistão rendeu uma transferência ao Atlético-MG para Alê. No entanto, seu retorno a um grande clube do futebol nacional não saiu como o esperado.

"Lá eu vivi o momento mais complicado da minha vida. Na teoria, era um contrato bom, de quatro anos, mas que acabou me atrapalhando um pouco. Uns dois anos eu me apresentei e eles falavam: 'Volte semana que vem'. Fiquei muito tempo sem jogar. Não queria treinar separado do elenco, porque não achava justo, e eles não me emprestavam para ninguém", lamentou.

"2012 foi o ano mais difícil da minha carreira. Às vezes, um contrato bom ou dinheiro não preenchem tudo o que o atleta quer. Queremos fazer parte do grupo, treinar junto. Em time grande, sempre sobra uma brecha para você jogar, até pela enorme quantidade de partidas no ano, mas lá não tive oportunidade", acrescentou.

Nos últimos anos, o volante passou por várias equipes do interior paulista e de São Paulo, como Rio Claro, São Bento, Portuguesa, Noroeste e Sertãozinho - em outros Estados, jogou em Avaí e Boa Esporte.

















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