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O rei está triste

Reinaldo faz 29 anos nesta sexta-feira, mas não haverá festa:







Amor incondicional

A sexta-feira é de anticlímax. Não tem bolo, balões ou fotos no Instagram. Larissa, a esposa, pede para Reinaldo esquecer um pouco, mas não adianta. Ele fica isolado nos cantos lembrando do pai. Mas Reinaldo sabe que tem sido um bom filho.

“Meu pai se chama Petrúcio e eu tenho certeza que, de onde ele estiver, está me vendo e está muito orgulhoso deste filho que ele tem”, afirma, usando o verbo no presente.

A certeza da aprovação é muito importante porque o amor de Reinaldo é incondicional. Ignora facetas difíceis de passar por cima. Petrúcio morreu de cirrose. O estilo de vida não colaborava com a manutenção de um casamento, mas não abalou a relação pai e filho.

“Eu meio que via algumas brigas deles. Quando minha mãe me chamou [para contar da separação], eu fiquei muito triste, chorei muito. Mas eu preferi ir com minha mãe porque meu pai saía muito para beber, essas coisas. Mas eu mantive uma relação muito boa com ele. Sempre visitava, dormia na casa dele. Nunca deixei de amar meu pai por causa da separação”.



Vida em família na fazenda

A família de Reinaldo esteve unida enquanto viveu na Fazenda Canaã. A propriedade fica na parte rural de Porto Calvo, no interior de Alagoas. Tinha cerca de 5 mil habitantes e pertencia a uma usina de cana-de-açúcar onde Petrúcio trabalhava. Cada funcionário recebia uma casa que não era grande coisa. Nem energia elétrica havia. E estamos falando da década de 1990. O começo da vida de Reinaldo foi de privações.

“Meu pai trabalhava na usina, meus irmãos também. E sempre atrasava [o salário]. Não tinha onde comprar porque já devia na mercearia. Mas nunca faltou comida. Faltava um arroz, faltava uma mistura, faltava um feijão. Mas sempre tinha o que comer para não passar o dia com fome”.

Às vezes, levava tempo para a mistura aparecer no prato. “Quem mora em fazenda sempre tem galinha. Para não matar a galinha, a gente comia só o arroz. Deixava a galinha reproduzir, os pintinhos crescerem. Depois a gente se alimentava”.



Faltavam brinquedos, mas não brincadeiras

Reinaldo morava na frente de um campo de futebol. Foi lá que viu o pai e os irmãos jogando bola e sonhou ser jogador profissional. Mas até bola faltava. Ele improvisava recheando sacolas de plástico. E não era só no futebol: latas de óleo viravam carrinhos e noites de lua cheia eram celebradas.

“A gente sempre jogava bola à noite. E torcia para a lua sair porque clareava o campo, por incrível que pareça. A gente ficava brincando até a hora de dar o sono”.

A comida era sem mistura, os brinquedos eram improvisados, mas Reinaldo não ligava. Ele sente saudade daqueles tempos. “Falo que foi uma infância muito feliz que vivi na fazenda. Sempre que vou até lá vejo a casa, o pé de manga, o de goiaba, em que eu subia e caía. Quebrei um braço uma vez caindo do pé de goiaba. Até passa um filme na cabeça”.

A primeira mudança de CEP



A vida na fazenda acabou com a separação dos pais. Reinaldo seguiu com a mãe porque era o melhor para sua vida. “Com 11 anos, eu queria crescer e estudar numa escola boa. Lá na fazenda não tinha. Minha mãe tinha vontade de ir para cidade grande”. Cidade grande, para quem morava numa fazenda, era Porto Calvo, que hoje tem 24 mil habitantes. Quando Reinaldo se mudou para lá, tinha ainda menos.

A rotina de correr atrás da bola continuou, mas a idade trouxe obrigações. O Reinaldo urbano precisava ajudar os irmãos a colocar comida em casa. “Tinha um que trabalhava num frigorífico e o outro era pedreiro. Sempre que podia, ajudava levando um dinheirinho para dentro de casa. Nas horas vagas, eu jogava bola e andava com os amigos”.



Quando não estava virando massa ou degolando galinhas, Reinaldo se juntava a outros adolescentes na frente do Banco do Brasil. Ficavam de papo. Estes dias em Porto Calvo viraram tatuagem. Ele escolheu o lugar onde jogava bola para colocar na pele.

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