Muricy tenta resolver até o dia 18 de fevereiro - data da primeira partida na competição continental - um problema daqueles que todo treinador gostaria de ter. O comandante são-paulino tem três ótimas opções para duas vagas na frente. Washington e Borges são centroavantes, jogam enfiados na área, embora tenham características diferentes. Dagoberto é o homem de velocidade e maior capacidade de armação.
Por causa destas distintas características, a dupla Washington-Dagoberto pode sair em vantagem pela titularidade na Libertadores. Os dois centroavantes de área (Washington e Borges) tiveram oportunidade na última rodada diante do Guarani e não mostraram bom desempenho juntos. Só a partir da entrada de Dagoberto na vaga de Borges o time engrenou e conseguiu a vitória por 2 a 0.
"São jogadores diferenciados", resumiu o treinador. "O Dagoberto conseguiu recuperar o bom futebol no ano passado e, neste ano, está melhor ainda, principalmente na parte física. O Washington é um grande goleador, sabe o que faz dentro da área e está se acostumando com nosso modo de jogar".
A utilização de Washington dá ao São Paulo uma opção que Muricy adora e foi deixada um pouco de lado depois da saída de Adriano, no meio da temporada passada: as jogadas aéreas. "Essa é uma característica muito forte nossa", ratificou Muricy. "Sempre temos a preocupação de buscar o fundo do campo. Usamos muito os cruzamentos. E do fundo de campo é melhor porque pegamos a defesa mal posicionada".

4-3-3? NÃO
Como o São Paulo tem três bons atacantes, surgiu a indagação se o time poderia atuar com os três juntos, numa formação mais ofensiva. "Seria muito bom... para os adversários", ironizou Muricy. "No futebol de hoje, a gente precisa recuperar a posse de bola rapidamente quando perde. Como eu faria isso com três jogadores de frente e mais o Hugo, que funciona também como um atacante quando nosso time ataca?"
Muricy até ousou uma comparação com o Barcelona, que joga com Messi, Eto’o e Henry na frente. Mas negativa. Para o treinador, o futebol brasileiro costuma atuar com laterais que auxiliam o ataque, bem diferente de como jogam os europeus. "Se fizesse isto, meus laterais teriam de ficar presos atrás, sem apoiar, seriam apenas laterais e não alas", explicou. "E o São Paulo tem volantes que saem muito para o jogo com qualidade. Perderia isto porque teria que prender o Jean e o Hernanes também".
Ou seja, o 4-3-3 foi totalmente descartado. A dinâmica de jogo do São Paulo nos últimos três anos - com três títulos brasileiros consecutivos - é outra. E Muricy não tem a mínima intenção de mudar um sistema que vem dando certo há tanto tempo para colocar outro de sucesso incerto.
A única preocupação de Muricy, não exatamente para o jogo desta tarde, mas para a temporada, é o tamanho do elenco são-paulino. Tem apenas 20 jogadores à disposição. Podem faltar opções mais adiante, quando as lesões começarem a ocorrer com mais frequência. "É muito pouco. Temos que resolver isto", disse.