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Com Telê Santana o futebol monocromático prevalecia sobre as chuteiras coloridas - Aurélio Mendes

Foto: Arquivo Folhapress

O futebol não é mais o mesmo. Se antigamente o goleiro podia pegar a bola com as mãos, o vídeo não poderia ser utilizado para sanar dúvidas do juiz e não havia chip na bola, hoje, parece que o futebol eficiente e “show” já não existe mais.



E poucas coisas no mundo do futebol são tão bem representativas do que as mudanças ocorridas com as chuteiras, as quais deixaram de ser apenas pretas para existirem na mais variada gama de cores. Mas, ainda assim, seria melhor ter o futebol preto e branco do mestre Telê Santana.

Claro que “chuteira colorida” é um termo utilizado aqui em um sentido figurado, representativo dos desmandos dos empresários nos clubes, a arrogância de alguns garotos da base que, com seus inúmeros cordões de ouro e com a conta bancária cheia, se colocam acima do bem e do mal querendo utilizar os clubes como mera escada para o “sucesso”.

Quem tem mais que 30 anos deverá se lembrar que o São Paulo do início da década de 90 era praticamente imbatível. Nem mesmo o super time do Palmeiras, montado pela Parmalat, conseguia superar esse time, ao menos, não com tranquilidade.

E quem possui um pouco mais que isso, a ponto de ter visto as seleções de 1982 e 1986, sabe que após esse período Telê Santana era muito criticado, tido como um técnico pé frio. Mas no Tricolor Paulista, o técnico conseguiu provar e comprovar que o mundo de fato dá voltas e, ainda mais, que ele possuía DONO. O SPFC conseguira, por dois anos consecutivos, alcançar a façanha de ser campeão mundial.

Atualmente, poderíamos ter dúvidas se os jogadores “estrelinhas” e marrentos sobreviveriam sob o comando de Telê ou se, infelizmente, eles conseguiriam derrubar o brilhante técnico. É bem verdade que os jogadores são patrimônios do clube, mas um excelente técnico consegue extrair o que há de melhor em cada atleta.

Naquele SPFC da era Telê, os jogadores daqueles elencos fizeram a diferença. Zetti era um baita goleiro, Cafú um jogador extraordinário, que atuava pela lateral direita, ponta direita, volante e meia-direita. Raí um meia clássico, de uma qualidade técnica e visão de jogo irretorquíveis, Müller e Palhinha jogavam o fino da bola. Seria possível mencionar todos os jogadores do elenco, pois qualidade sobrava naquelas equipes.

Entretanto não há como negar que Telê conseguiu fazer o que um técnico precisa fazer: extrair o que havia de melhor em cada atleta, encaixou o time, ganhou respeito e espaço e fez com que bons jogadores se tornassem extraordinários. Raí e Cafú são exemplos disso. Sem o técnico, talvez não seriam metade do que foram para o futebol.

Telê foi único e, como tal, exigia muito. De modo que não é difícil afirmar que, com ele, muitos jogadores (estrelas) do futebol atual, não jogariam. Essa moda de jogador calçar chuteiras coloridas seria algo inimaginável. É plausível afirmar que Telê falaria para seu atleta “Ou você troca essa chuteira, ou está fora da equipe”.

Quem viveu com Telê sabe que isso é verdade. Tanto que alguns exemplos se tornaram públicos, como a determinação do técnico para que Macedo (um dos principais jogadores do elenco) retirasse o brinco e cortasse o cabelo. Ou, quando Telê determinou que Toninho Cerezo não comparecesse no CT de MOTO, que se isso ocorresse não treinaria, etc.

As justificativas de que, o que o jogador faz na vida pessoal e fora de campo não interfere no resultado de campo e que é um direito do atleta, são balelas. Telê provou isso. Não restam dúvidas de que, ele criaria problemas para o principal jogador da seleção na Copa. Se assim as chuteiras seriam mais monocromáticas, certo que o futebol dentro de campo seria mais colorido e vistoso.

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