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De Ceni garoto a Valdívia: a mulher que, há 33 anos, cuida e 'põe ordem' no São Paulo

Profissional já cuidou de mais de 1/3 do elenco do clube Reprodução

Mais de um terço de todo o elenco da história do São Paulo já foi atendido por ela. De Rogério Ceni, ainda em começo de carreira, a Valdívia, recém-contratado e que está entregue aos seus cuidados agora, se recuperando de uma lesão na coxa esquerda. Cilmara Moretti foi a primeira mulher a entrar no departamento de fisioterapia do clube: começou como estagiária, em 1985 e, até hoje, é a ‘mãezona’ do REFFIS (Núcleo de Reabilitação Esportiva Fisioterápica e Fisiológica) e quem coloca ordem na casa, quando a bagunça passa do ponto.



Há mais de 30 anos, ela passava bem longe do futebol e da fisioterapia. Havia cursado meio ano de Engenharia e estudava Letras. Mas um problema virou uma nova carreira. Com uma patologia crônica no joelho (condrocalcinose), Cimara Moretti operou e começou a fazer fisioterapia com profissionais que trabalhavam no São Paulo.

Para não pagar as sessões, começou a trabalhar como recepcionista na clínica. Por falta de braço, começaram a pedir, de vez enquanto, que ela saísse da recepção e ajudasse na fisioterapia. Cilmara gostou da novidade, entrou para o curso de Fisioterapia na faculdade e, como tinha contato com os médicos do São Paulo, pediu um estágio. Deu certo. Entrou no clube como estagiária em 1985 e foi registrada no dia 1 de março de 1988, já formada.

“Comecei de forma gradativa. Quando entrei, tínhamos um setor único que atendia futebol profissional, base, atletismo, boxe, vôlei. Depois de um tempo, separaram o futebol do resto das modalidades. Mas já tinha um tempo que eu estava aqui. Os meninos estavam acostumados a serem atendidos por mulher. Quando eu vim para o profissional, no início fiquei um pouco receosa. Mas me sentia em casa”, contou ao espnW.

A rotina mudou e Cilmara passou a lidar diariamente com jogadores do futebol profissional. Diferentes personalidades. “Minha relação com os atletas depende do perfil. Para alguns, sou mãezona. Com outros, sou muito brava e chata. E eles percebem essa diferença; falam ‘por que trata ele de um jeito e eu de outro?’. Mas tem que ter jogo de cintura. Porque levando todos na brincadeira, tem atleta que não entende. Aí não consigo desenvolver o trabalho que preciso.”

Como toda mãe, a fisioterapeuta, hoje com 55 anos, coloca limites no REFFIS. “No profissional, sou mais brava do que mãezona. Não dá para ser muito. Não sou muito de brincadeira. Às vezes fico brava: ‘que bagunça é essa aqui, não quero bagunça aqui’. E sabem que eu não gosto. Começam a falar alto e colocar música, já corto. Tem uns que dão muito trabalho, e aí, quando saem, a gente não esquece.”

Experiente, Cilmara já viveu de tudo e acompanhou a evolução do cenário ‘mulheres em um ambiente masculino’. Mas ressalta: ainda é um tabu. “Mudou muito. Mas quando chegam técnicos novos, alguns falam ‘nossa, uma mulher fisioterapeuta, que bacana, nunca conheci nenhuma. Falo ‘então, sou a primeira’. Ainda são poucas. Mas sinto que está fluindo mais naturalmente. A cada dia que passa, aceitam mais. Claro que não faço jogo nem vestiário e isso ajuda. Talvez, se fizesse, sentisse mais dificuldade.”


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