Robinho, Ricardo, Cícero, Alberto e Jabaquara. Cafu, Praguinha, João, Mineiro e Ratinho. Esses dois quintetos podem não trazer lembranças ao torcedor mais fanático do São Paulo. Mas no CT do Tricolor, na Barra Funda, eles são reconhecidos não só por serem auxiliares de serviços gerais, copeiros, roupeiros ou jardineiros. Na concentração do clube que lidera o Campeonato Brasileiro, o grupo é protagonista do clássico da “Barriga Cheia”, pelada já tradicional entre funcionários do clube na hora do almoço.

Ao meio-dia, eles correm para o refeitório para almoçar. Os pratos têm de tudo e formam praticamente uma montanha na frente dos seus rostos. Ligeiros, eles rapidamente comem e, em menos de 10 minutos, já estão na quadra para o futebol. De barriga cheia mesmo.



- No começo eu pensava que poderia passar mal, ter algum troço. Mas jogo sempre e nunca aconteceu nada – diz Cristiano Alckmin, o Mineiro, autor de um dos gols do confronto, aos risos.

Na pequena quadra atrás dos arbustos que enfeitam o CT do Tricolor, Mineiro e sua turma correm. Um grupo joga sem camisa, enquanto o outro usa as camisetas cedidas pelo clube. Com ou sem uniformes, os equipamentos são deixados de lado para dar espaço ao lazer. E há rivalidade no confronto.

Se Ratinho erra um passe, os companheiros logo reclamam e o chamam de fominha. Quando Alberto chuta a bola longe do pequeno gol, a cobrança também aparece.

- Foi mal. A intenção era acertar o gol – desculpa-se com sua equipe.

Nos cerca de 50 minutos que passam jogando, o show com a bola nos pés passa longe e sobram encontrões e chutes errados. Mas disposição em quadra não falta. E sempre há brincadeiras do técnico Muricy Ramalho.

- Ele sempre brinca com quem perde, fica tirando sarro, porque sabe quem fica bravo. O pessoal leva a sério isso aqui – comenta Davi de Jesus, o Robinho.

Mas e se o elenco do Tricolor, líder do Brasileirão com 68 pontos, resolvesse encarar um confronto contra o “Barriga Cheia”?

- Só vale se eles comerem rápido também. Aqui a gente encara até feijoada antes do futebol e nada acontece – alerta Mineiro.

O “clássico” acompanhado pelo GLOBOESPORTE.COM terminou 4 a 3 para o time com camisa, comandado por Robinho. Depois da pelada, que acontece quase todos os dias, eles pegam seus equipamentos que ficam encostados e voltam para o batente. Aí, a corrida é para aparar corretamente a grama, acertar as coisas na cozinha, arrumar as roupas dos jogadores... Até o meio-dia do dia seguinte.