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Wagner Ribeiro : Nem meus filhos falam comigo

Modéstia à parte, eu sei reconhecer um craque


Wagner Ribeiro abre a alma e antecipa: vem mais um Neymar por aí

Com 49 anos, 14 de profissão, Wagner Ribeiro está nas manchetes todos os dias. E apesar dos milhões que deve ganhar com a venda de Neymar, confessa que está passando pelo pior momento de sua vida: uma separação litigiosa na qual os filhos apoiam a mãe e não querem sequer falar com ele. "É muito triste. Por isso eu trabalho tanto, para curar a depressão", conta o empresário de jogadores como Neymar, do Santos, e Lucas, do São Paulo. "Meu dia precisaria ter 48 horas. Mas não tomo remédio para dormir, não, viu? Prefiro bons vinhos."
Mineiro de Pratápolis, Ribeiro é bom de papo. Conversou com a coluna sobre a vida de empresário, o imbróglio com Kaká e Robinho, a venda iminente de Lucas, a parceria com a 9ine de Ronaldo e os futuros "Neymares" que tem no bolso.

Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida quinta-feira da semana passada, em seu escritório.

Você já deve estar cheio de falar sobre o Neymar, né?

É que não há mais nada a ser dito. O Real Madrid quer pagar, o Santos não tem o que fazer a não ser receber a parte dele. A única coisa que falta é o Neymar dizer quando vai. Porque antes ele quer jogar o Mundial pelo Santos, em dezembro... O Barcelona fez uma proposta para 2012. É interessante para o Santos, mas acontece que o Barcelona não tem grana... Já o Real paga agora! Enfim, tudo que podia ser dito já foi dito, as verdades e as mentiras.



Como é ter de lidar com a fama de "empresário mais odiado do Brasil"?

O maior jogador do São Paulo no ano passado era o Hernanes. E foi vendido por 9 milhões de euros... pouquíssimo! Ninguém sabe quem é o empresário dele. Se fosse eu, ia brigar muito. Futebol é emoção, a gente mexe com a paixão do torcedor. O que ninguém sabe é que, quando um jogador é vendido para um clube de fora, todo mundo concordou com aquilo: o jogador, o clube no Brasil, o clube estrangeiro e o empresário. É tudo harmonia. E todo mundo ganha muito dinheiro. Quem menos ganha é o empresário, que fica com 5% a 10%. Mas sabe que, na final da Libertadores, eu cheguei até a dar autógrafos no Pacaembu no intervalo do jogo? Tirei foto com um monte de torcedores.

Pra que time você torce?

São Paulo.

E está querendo vender o Lucas?

Olha, o pai do Lucas tá na sala aí ao lado. Está tendo uma reunião agora para tratar da venda de um percentual do Lucas a um clube da Itália. A gente pediu 6 milhões euros, os caras responderam com 4 milhões. A gente está vendo se chega em 5... Aí você me pergunta: quanto ele vale, então? Em torno de 30 milhões de euros. Mas ele não quer sair agora. E o São Paulo também não. Só vai acontecer no ano que vem.

Como é para um atacante frustrado como você ver um garoto valendo tanto?

Quis ser jogador, mas não deu. Tentei no Corinthians e na Portuguesa. Amo futebol, mas nunca consegui me firmar, ser titular. Fui sempre meia-boca.

O seu primeiro negócio como empresário de jogador aconteceu quando?

Foi em 1997, com o França. Ele jogava no XV de Jaú. Eu fazia parte de um grupo de empresários que tinha como missão erguer o clube. E fiquei responsável por ele, porque eu era o único que tinha a carteirinha de agente da Fifa. Depois, comprei a parte dos outros investidores e vendi o França para o São Paulo.

Hoje em dia você cuida da carreira de quantos atletas?

Pessoalmente, 16, dentre os quais Neymar e Lucas. O meu escritório, de outros 80. Nós damos assessoria jurídica, de imprensa e em questões pessoais.

Você ganha um salário mensal para cuidar da carreira desses jogadores?

Tem muito agente nesse meio que cobra, sim, uma porcentagem sobre o salário do jogador. Eu não cobro, porque acho errado. Só ganho sobre o que faço: nas transferências e em campanhas publicitárias.

Como é a parceria que você firmou com o Ronaldo?

A 9ine cuida da imagem daqueles 16 atletas aos quais eu me referi. Mas não apenas. Por exemplo, os netos do Pelé, garotos que eu levei para o São Paulo, também estão com a 9ine.

São Paulo? Por que não Santos?

Eu não quis. Achei que seria muita pressão em cima deles.

Você teve participação na aproximação do Neymar com a Ambev, via 9ine?



Total. E também na aproximação do Neymar com o Ministério do Turismo e com uma empresa de telefonia que eu ainda não posso dizer o nome. Agora, nas participações publicitárias fechadas pelo Santos eu não tenho participação.

Quais as porcentagens?

No caso do Neymar com o Santos, 70% e 30%; no caso do Lucas, 80% ficam com ele e 20% com o São Paulo.

O que aconteceu com o Kaká e com o Robinho? Vocês eram tão amigos...

Ao todo, o Kaká ficou comigo seis anos. Em 2003, foi para o Milan. Fiquei lá com ele, cuidando de tudo, por mais um ano. Um belo dia o pai dele me chama em Milão e diz que vai se mudar para lá e cuidar pessoalmente da carreira do filho. Nosso contrato já não estava valendo, mas eu senti uma certa ingratidão, sabe? Porque, quando ele estava começando no São Paulo, quando ganhava R$ 750 por mês, eu cuidava das coisas dele. Eu o ajudei muito na estruturação da carreira. Por isso fiquei sentido com a forma como aconteceu. Já o Robinho é outra história. Ele é meu amigo, um filho pra mim. O que aconteceu é que eu tive um problema pessoal - aliás, estou tendo, estou passando por uma separação litigiosa e sendo extorquido pela minha ex-mulher. Tudo começou na época em que eu e o Robinho estávamos em Madri. Eu tive um desvio de caráter, pisei na bola, me envolvi com uma mulher lá. E a minha esposa ficou sabendo por intermédio da mulher do Robinho. Acabei me afastando porque não havia mais aquela... harmonia familiar, entende? Mas continuo gostando muito dele, nos falamos constantemente.

Qual o principal desafio encarado por esses garotos que têm o dom da bola?

A necessidade de ficar rico para ajudar a mãe, o pai, o tio, avô, cachorrinho. Porque ele entra em campo com a responsabilidade de se tornar um grande jogador, com a obrigação de dar certo. E só é possível jogar bem se você entra em campo leve.

Quantos vídeos recebe por semana vendendo "craques" para a sua empresa?

Uns cem DVDs. Mas a minha equipe filtra, porque não tenho tempo de ver tudo.

Ao ver o garoto você já sabe que ele tem futuro? Já sabe para onde levá-lo?

Sim, modéstia à parte, eu reconheço o talento na meninada. Se o garoto é atacante, é rápido, levo geralmente para o Santos; se é mais parrudo, levo para o São Paulo, que gosta de meio-campistas; se é alto e forte, defensor, levo para o Corinthians. Mas não é regra. Já quando a transação é para a Europa, muda um pouco: na Alemanha, por exemplo, eles gostam de jogadores fortes, porque é um futebol de muita pegada; na Inglaterra, o jogo é mais rápido; na Espanha, mais lento e técnico; na Itália, uma junção de todos. Eu costumo dizer que o jogador que vence na Itália vence em qualquer lugar.

E como é a carreira perfeita de um jogador de futebol?

A concorrência é grande, então o garoto e a família têm de estar preparados. Eu traço um projeto, que começa na base. O garoto tem de cumprir etapas. Primeiro, precisa ser titular no time em que joga; depois, atingir a seleção na categoria (sub-13, sub-15 etc.) e disputar uma Copa São Paulo ou Copa BH; depois, subir para o time profissional e se tornar titular. A partir daí, tem de pensar em Seleção Brasileira. É aí que ele começa a ganhar dinheiro. E eu também, na hora de levá-lo para a Europa. Lá ele tem outras etapas a vencer: ser titular, claro, do clube que o contratou e está pagando uma fortuna para ele; ganhar a liga, a Champions, o Mundial Interclubes, a Copa do Mundo e se tornar o melhor do mundo. O Kaká, por exemplo, foi um dos que chegaram lá. O Neymar tem tudo para isso também.

Tem mais algum jogador como o Neymar vindo aí?

Tem, sim... Quer que te dê dois nomes? Anota aí: Wellington Bueno, que joga no Desportivo Brasil, time da Traffic em Porto Feliz. Tem 15 anos. O outro é o Gabriel, Gabi-Gol, que joga no Santos e tem 15 anos também. É um canhoto, mistura de Neymar, Ganso e Lucas. Aposto muito neles. E você está vendo que eu acertei com o Kaká, com o Robinho e com o Neymar... /DANIEL JAPIASSU



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