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Opinião: problema do SPFC não é cabeça, e sim um atraso de seis meses

Um time com dificuldades emocionais não buscaria tantos resultados em situações adversas como o Tricolor, que, em agosto, tem base formada por jogadores que ainda mal se conhecem

De segunda a segunda, após vitórias, empates ou derrotas, jogadores e comissão técnica do São Paulo são questionados sobre a fragilidade emocional, mal que costuma acometer times grandes que se encontram ameaçados de rebaixamento, realidade do 17º colocado do Brasileirão.

A trajetória recente, entretanto, não indica que o principal problema seja a cabeça. Dos 12 pontos conquistados sob comando de Dorival Júnior, oito vieram em jogos em que o Tricolor chegou a estar perdendo, mas conseguiu a recuperação:

Grêmio: perdia por 0 a 1 , empatou em 1 a 1
Botafogo: perdia por 1 a 3, venceu por 4 a 3
Cruzeiro: perdia por 1 a 2, venceu por 3 a 2
Avaí: perdia por 0 a 1, empatou por 1 a 1

Um time com problemas emocionais costuma se encolher depois de sofrer um gol. O São Paulo, ao contrário, enche-se de coragem e muda sua postura, passa a ser mais agressivo na marcação, adianta suas linhas e, ainda que na marra, sem um grande futebol, consegue a recuperação.

Ao ser perguntado sobre a necessidade de evolução emocional, depois do empate do último domingo, em Florianópolis, Dorival Júnior respondeu:

– Percebemos um time mais solto, com confiança para iniciar jogadas importantes. Foi assim hoje e em momentos contra Cruzeiro e Botafogo. Queremos essa arrancada com um grande resultado. Quem sabe esteja próximo pelo volume de trabalho, concentração e interesse do grupo em acertar. O que antes era preocupante passa a nos dar uma outra condição. Espero que a gente continue melhorando. O crescimento é pequeno, gradativo, mas está acontecendo.

Nas entrelinhas do que disse Dorival, o problema também não é emocional, e sim fruto do processo tardio de formação de equipe. O São Paulo está fazendo em agosto o que normalmente se faz em fevereiro e março: construindo um time de futebol.

Se o time está "se soltando, adquirindo confiança, interessado em acertar e crescendo gradativamente, mas ainda em ritmo lento", como descreveu o técnico, isso ocorre porque os jogadores estão se conhecendo, e as duas últimas semanas sem jogos, com mais treinos, interferiram diretamente nessa evolução.

Até mesmo Dorival Júnior precisa ter maior conhecimento sobre o que tem em mãos. Tanto é que ele tem usado terças e quartas-feiras, às vezes até as quintas, para experimentar, moldar uma formação, um sistema, que se consolidam nos treinos de sextas e sábados.

Os números não mentem. Dorival Júnior, que dirigiu o São Paulo em nove partidas, colocou em campo 14 jogadores diante do Avaí. A maioria não tem nem 15 jogos no ano:

1-Sidão: 10
2-Arboleda: 10
3-Edimar: 7
4-Petros: 11
5-Hernanes: 5
6-Marcos Guilherme: 5
7-Lucas Fernandes: 11
8-Denilson: 8
9-Gómez: 7

São dados absurdos para uma grande equipe no oitavo mês do ano. Só no Campeonato Paulista o São Paulo disputou 16 partidas, como pode, à essa altura, nove jogadores não terem 15 atuações?

A resposta é conhecida e repetitiva, mas é preciso reforçá-la a cada rodada: a culpa é de uma ideia absolutamente falida de que se pode fazer futebol desmontando e remontando elencos ao longo do ano.

O São Paulo tem jogadores melhores do que Avaí, Vitória, Chapecoense, Coritiba, Bahia, Ponte Preta e Vasco, clubes que se apresentam como rivais na luta para ficar na Série A.

Só que eles ainda estão se conhecendo, descobrindo como o outro gosta de jogar. Esse atraso, ter que se reconstruir no meio do caminho, iguala as coisas. O problema do São Paulo não é emocional. É técnico, fruto de desconhecimento ao se planejar uma temporada.

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