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Análise: São Paulo em construções e frustrações

Negociações infindáveis e busca incessante por salvadores da pátria expõem dificuldade do Tricolor em lidar com seu verdadeiro problema: ter parado no tempo e ficado atrás dos rivais

Lucas visitou recentemente o CT e posou ao lado do quadro da última conquista importante do clube (Foto: Érico Leonan / saopaulofc.net)

Reportagem publicada pelo GloboEsporte.com, na última terça-feira, apontou que, nos últimos 30 meses, o São Paulo havia contratado 41 jogadores e negociado 46. Esse número já aumentou com a aquisição de Gómez. São iminentes mais três chegadas – Arboleda, Petros e Matheus Jesus – e duas saídas – Maicon e Lucão. Tantas mudanças preocupam Rogério Ceni. Mas a questão vai além.



O dado é relevante e expõe buracos que fazem do São Paulo um clube pessimamente cuidado nos últimos muitos anos.

Outros também alteram em excesso seus elencos? Sim, é a dura realidade do futebol brasileiro, frágil economicamente. Mas nenhum escalou tantos protagonistas recentemente: Ganso, Pato, Jadson, Kaká, Luis Fabiano, Michel Bastos, Alan Kardec, Souza... Na leva atual, Pratto, Cueva, Jucilei. Sem falar em outras dezenas que caberiam em qualquer boa equipe.

Resultado? Um título em nove anos, a Sul-Americana de 2012, contra times do lado B do continente.

Está claro que as incontáveis mudanças de plantel e buscas por perfis diferentes não surtem efeito num clube enfraquecido estrutural e administrativamente. O São Paulo toma comprimido antigripal para tratar pneumonia. Cada reforço é uma pílula, alivia dores e sintomas por dias, semanas, no máximo, meses. Mas não cura.

Entre 2005 e 2008, o Tricolor acumulou taças com técnicos e elencos de características distintas porque oferecia gestão notável, que hoje não funciona mais. O futebol evoluiu uns 100 anos em dez. O São Paulo, como antecipou Rogério Ceni em 2013, parou no tempo.

Antes, o clube era dono dos melhores estádio e centro de treinamento da cidade e se orgulhava de ter os equipamentos mais avançados de fisioterapia, preparação e recuperação de jogadores, além de patrocínio forte e salários em dia. Hoje, o São Paulo não é superior aos rivais em nada, embora mereça elogios a análise de desempenho, capaz de encontrar Marcinhos país afora.

Esse é o caminho dos títulos. O Palmeiras não foi campeão brasileiro unicamente pela infinidade de reforços. Finanças em dia, casa moderna e hostil aos rivais e um CT incrementado foram mais importantes. Idem ao Corinthians, que, além do patrimônio, preserva uma ideia de jogo há sete anos, com poucas rupturas e algumas adaptações.

O acanhamento tricolor leva ao ritmo frenético de negociações e à busca incessante por salvadores da pátria. O atual é Lucas Pratto, exemplo de comportamento, líder, capitão. Há um ano, Maicon era tratado exatamente da mesma forma. Antes God, agora virou monstro.

O São Paulo cria monstros. Michel Bastos chegou rotulado como craque e, quando saiu, ninguém podia vê-lo nem fantasiado de taça da Libertadores.

Se o clube é frágil, todos se fragilizam. Lugano voltou para ser a referência que havia se perdido com a aposentadoria de Rogério Ceni e, hoje, tem sérias divergências com o presidente, a ponto de ter sua renovação contratual conduzida de maneira desastrosa.

Por falar em Ceni, o maior da história tricolor corre risco de ser a próxima vítima. O São Paulo o recebeu como um libertador que mudaria os rumos do futebol, mas agora parece perplexo ao perceber o óbvio: por melhores que sejam suas ideias e seu trabalho, seis meses de carreira não são suficientes para um técnico extrair de sua equipe tudo que ela pode dar. Principalmente se essa equipe muda sem parar.

É ineficaz jogar nas costas de um ou outro a esperança de dias melhores. É cruel descartá-los depois. Não é possível não terem percebido. A gestão Leco tem 42 meses pela frente, mas não pode perder mais tempo. Enquanto não entender e tiver coragem de enfrentar o núcleo de seus problemas, o São Paulo vai continuar sendo um criador de deuses e monstros. Um gerador de construções e frustrações.

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