Boa tarde, Nação Tricolor.

Depois de diversos debates que acompanhei e participei do fórum sobre as finanças do clube, conforme prometido a alguns colegas do fórum, decidi realizar uma breve análise do balanço de 2016 do São Paulo FC para tentar demonstrar um pouco da situação financeira do clube. Essa é apenas uma leitura dos dados oficiais do clube dispostos no balanço auditado de 2016.

EM 2016
Ano passado com as vendas de jogadores, entrada de novos patrocinadores (ficamos sem patrocínio master na gestão Aidar), aumento da receita de TV e renegociações de dívidas resultaram num superávit de R$800mil. Ou seja, tivemos que vender atletas para conseguir honrar todos nossos compromissos (leia pagar todas as contas) de 2016 e fechar no azul com um superávit mínimo.

Qual o tamanho das nossas dívidas?

O passivo do balanço patrimonial aponta:
+ R$88 MM em dívidas bancárias
+ R$33 MM de empréstimos com terceiros
(Total: R$121 MM em dívidas financeiras)

+ R$23,3 MM em obrigações trabalhistas
+ R$98,9 MM em obrigações tributárias (impostos)

As dívidas financeiras são (as mais) preocupantes dados os juros, sendo R$66,5 milhões de curto prazo (ou seja, com vencimento em 2017) e R$54,8 milhões de longo prazo (totalizando os já mencionados R$ 121 milhões). Em comparativo com 2015, houve uma redução de R$8,9 milhões da divida financeira.

Houve um aumento no montante da dívida tributária em R$8,3 milhões. É o tipo de dívida que não dá para fugir do Governo, porém é menos preocupante, pois essa dívida foi parcelada diminuindo o custo mensal/anual da mesma dando fôlego no orçamento do clube.

Entendimento: Para compreender, pense que você tinha uma dívida de 50mil na compra de um carro e pagava parcelas de 2mil mensais, agora a dívida é de 55mil, porém sua parcela caiu para 1mil, ou seja, você ganha espaço no seu orçamento mensal para honrar os demais compromissos.

EM 2017
Indo pra 2017, podemos apenas PROJETAR nossa atual situação através dos números informados pelo balanço de 2016, pois de fato não sabemos o que já foi quitado de dívidas e honrado esse ano.

No início do ano o clube informou que precisaria vender atletas e arrecadar cerca de R$ 67 milhões para fechar as contas do ano. É possível subentender que os compromissos financeiros de curto prazo entram nesse bolo.

Para simplificar, numa conta de padeiro (considerando compras e vendas todas à vista para facilitar o entendimento)
Vendas: R$124,4 milhões (mais possíveis 30,8MM em bônus)
Compras: R$42,8 milhões (mais possíveis 11,4MM em obrigação de compra do L. Pratto)
Resultado positivo de R$81,6 milhões nas negociações.

Resumo de 2017
Se o orçamento desse ano previa que para feconsiderando que as orçadas no ano já foram honradas). Nas dívidas de longo prazo temos R$ 34,6 milhões de obrigações bancárias, R$ 20,2 milhões de empréstimos com terceiros e R$ 24,6 milhões de direitos de imagem – dentre outras despesas descritas no balanço.

O custo da dívida bancária/financeira?
De acordo com o nosso balanço, em média nossa DÍVIDA BANCÁRIA custa mensalmente 1,62% a.m. (ou 21,27% a.a.) - o quanto isso custa em números absolutos não é possível, pois não sabemos o que já foi liquidado do montante, o que venceu ou se teve algum alongamento, só o clube pode dizer,
Porém para ilustração, de forma simplória e considerando apenas as dívidas financeiras de curto prazo (R$ 66,5 milhões) teríamos um custo mensal aproximado de R$1,08 milhões em juros das operações.

Nota
O balanço relata oficialmente que a Gestão Aidar (2014 e 2015) deixou um déficit/prejuízo de R$172,6 milhões de reais ao clube. Obs.: Importante lembrar que naquele período perdemos o patrocínio master, algumas transações e negociações de contratos irregulares vieram a público através da imprensa (resultando na saída do Aidar da presidência) e tivemos desmonte de elenco no meio da temporada como neste ano.

Por Vitor Pereira